BC credita o estouro da inflação à pandemia e à crise hídrica, mas a culpa é do governo de Jair Bolsonaro

 
Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a quem cabe explicar ao ministro da Economia e ao Conselho Monetário nacional as razões de a inflação ter ultrapassado o teto da meta, alegou que o estouro do principal fantasma econômico se deve à pandemia, em especial os efeitos da crise sanitárias sobre os preços das matérias-primas, e à crise hídrica, que colocou nas alturas as tarifas de energia elétrica.

A inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), confirmada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (11), encerrou o ano de 2021 em 10,06%, maior índice dos últimos quinze anos. O índice ficou bem acima do centro da meta estabelecida pelo BC para o ano, de 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos — ou seja, podendo variar entre 2,25% e 5,25%. Na verdade, o índice inflacionário oficial do ano passado foi mais que o dobro do teto da meta.

As justificativas foram enviadas nesta terça-feira ao ministro Paulo Guedes e ao CNM, como se o governo de Jair Messias Bolsonaro fosse um esplendor em termos de competência.

“Os principais fatores que levaram a inflação em 2021 a ultrapassar o limite superior de tolerância foram os seguintes: 1) forte elevação dos preços de bens transacionáveis em moeda local, em especial os preços de commodities; 2) bandeira de energia elétrica de escassez hídrica; e 3) desequilíbrios entre demanda e oferta de insumos, e gargalos nas cadeias produtivas globais”, destacou o Banco Central no documento, que pouco muda a dura realidade enfrentada pela extensa maioria dos brasileiros.

O BC destacou na carta a inflação alta em 2021 foi um “fenômeno global”, impulsionado pela pandemia, que atingiu “a maioria dos países avançados e emergentes”. Como exemplo, a autarquia citou a normalização das atividades no setor de serviços, impactado pelas políticas de quarentena e lockdown (confinamento total), necessárias para o enfrentamento da Covid-19.

 
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“A inflação de serviços foi particularmente afetada pela pandemia da Covid-19, refletindo em boa medida a evolução do distanciamento social”, justificou. “À medida que o distanciamento social se reduziu, impulsionado pelo significativo progresso na vacinação contra a Covid-19, a reativação do setor de serviços levou a um realinhamento dos preços, implicando aceleração da inflação”.

“As pressões sobre os preços de commodities e nas cadeias produtivas globais refletem as mudanças no padrão de consumo causadas pela pandemia, com parcela proporcionalmente maior da demanda direcionada para bens. (…) De fato, a aceleração significativa da inflação em 2021 para níveis superiores às metas foi um fenômeno global, atingindo a maioria dos países avançados e emergentes”, explicou o BC.

Roberto Campos Neto deveria ser coerente e reconhecer publicamente que o governo de Jair Messias Bolsonaro é um desastre generalizado, mas essa hipótese está descartada pelo conhecido apego ao cargo.

Ademais, as ações do BC para tentar conter a inflação ao longo de 2021 serviram para dar fôlego ao desemprego e reduzir a atividade econômica. Vale lembrar que os preços das matérias-primas (commodities) ficaram mais caras para o Brasil devido à irresponsável política econômica capitaneada pelo ainda ministro Paulo Guedes e seus quejandos. O dólar valorizou e ajudou a impulsionar a inflação.

O UCHO.INFO faz uma recomendação ao presidente do BC: seja corajoso como Antônio Barra Torres, da Anvisa, que publicamente tirou a máscara de Bolsonaro, o néscio de plantão.

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