De olho na campanha presidencial e sem poder abandonar os paulistas em meio ao recrudescimento da pandemia do novo coronavírus, que voltou a impulsionar o no número de casos e internações devido à variante ômicron, o governador João Dória Júnior (PSDB) anunciou nesta quarta-feira (12) a redução para 70% da capacidade o público em estádios de futebol, eventos musicais e festas, mediante comprovante de vacinação.
A medida foi divulgada durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo, mas não tem caráter obrigatório. Em outras palavras, exceto no caso dos estádios, onde a medida é obrigatória, há brecha para o famoso “faz de conta”.
“O Campeonato Paulista com público é uma orientação do governo, portanto é uma determinação que deverá ser seguida pelas federações esportivas, seja de futebol, seja de qualquer outra prática e começa a valer a partir de 23 de fevereiro, domingo, exatamente para que o Campeonato Paulista de futebol tenha, na primeira rodada, essa limitação”, afirmou Dória.
Não haverá limitação, no entanto, para o público dos jogos da Copa São Paulo de Futebol Júnior, a “Copinha”, torneio que já está acontecendo no Estado. Isso significa que até 23 de fevereiro a variante ômicron continuará fazendo estragos em proporção geométrica.
Mesmo diante do avanço da nova cepa do coronavírus, o governo paulista descartou estender a medida a estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, apesar de empresários e trabalhadores do comércio terem solicitado a redução do horário de funcionamento das lojas. Além disso, caberá aos municípios paulistas a implementação e fiscalização da medida. A obrigatoriedade do uso de máscaras no estado foi prorrogada até 31 de março.
“A sugestão do governo do estado para os municípios é que faça redução de 30% na capacidade de público nesses eventos, mas deixa em aberto que isso fica a critério dos municípios, dependendo da situação epidemiológica dos municípios, esse percentual pode ser alterado para mais”, disse João Gabbardo, médico e integrante do comitê de saúde.
A medida anunciada por João Dória flerta com a inocuidade, pois para chegar aos estádios e aos locais de eventos e festas a maioria dos cidadãos utilizarão transporte público, que é sinônimo de aglomeração.
Contaminação em alta
Os membros do comitê de saúde do governo de São Paulo sabem da elevada capacidade de infecção da variante ômicron, mas preferiram embarcar nos interesses político-eleitorais do governador, que não pode dar eco ao negacionismo do presidente Jair Bolsonaro.
Não é preciso nenhuma dose extra de raciocínio para perceber a piora no quadro de Covid:19: o total de internados em enfermarias no estado saltou de 1.712, em 29 de dezembro, para 3.413, em 11 de janeiro. No mesmo período, o total de pacientes internados em UTI subiu aumentou 58%, de 1.096 para 1.727.
Não se trata de alarmismo de nossa parte, mas é preciso considerar que o elevado número de atendimentos e internações hospitalares em razão da Covid-19 prejudica pessoas com outras doenças que necessitam de tratamento. Além disso, os efeitos colaterais da Covid-19, que se prolongam por meses a fio, também aumentam a procura por atendimento médico. É questão de coerência e de um olhar mais adiante.
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