Com o reajuste a policiais federais na berlinda, Bolsonaro quer aprovar benefícios a PMs e bombeiros

 
Preocupado com as muitas rachaduras que surgiram em seu projeto de reeleição, o presidente Jair Bolsonaro acenou aos policiais federais com uma promessa de aumento salarial, devidamente abrigada no Orçamento da União de 2022, mas não contava com uma reação de outras categorias, que cobram o mesmo privilégio. Em vários setores do funcionalismo federal, as ameaças de greve não param de surgir, o que tem levado integrantes da base de apoio do governo a defenderem a suspensão do prometido reajuste salarial.

Enquanto o assunto ferve nos bastidores do poder, apesar do recesso parlamentar, algumas lideranças insistem no tema, pois os policiais federais são parte destacada da base eleitoral de Bolsonaro.

No contraponto, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) afirmam que não está descartada a possibilidade de obrigar o governo a estender o reajuste a todas as categorias de servidores, o que contempla o princípio da isonomia. Consultados por emissários palacianos, os magistrados alertaram para eventual avalanche de ações judiciais, o que obrigaria a Corte a decidir pela extensão do benefício a todos os servidores.

No caso de prevalecer a tese defendida pelo STF, o governo terá seríssimos problemas para conter a inflação, que fechou 2021 em 10,06%, já que estender o reajuste a todos os servidores federais abrirá caminho para o estouro da meta fiscal. Além disso, faltaria recursos para investimentos em áreas importantes.

Há que defenda a ideia de que recuar em relação aos policiais federais é pior do que levar adiante a promessa de reajuste salarial, que por si só provocará sério impacto nas contas públicas. Na verdade, o que Bolsonaro está a fazer é financiar com o suado dinheiro do contribuinte um cenário menos desfavorável para seu projeto de reeleição.

 
Se por um lado o prometido aumento já começa a fazer estragos no plano eleitoral de Bolsonaro, por outro o próprio presidente colocou o staff palaciano para agir nos bastidores e tentar aprovar, na retomada dos trabalhos legislativos, um pacote de bondades que beneficia policiais militares e bombeiros, duas categorias importantes em momento de impopularidade crescente do chefe do Executivo.

O projeto que beneficia PMs e bombeiros na esteira da pressão exercida por ambas as categorias, após o anúncio do reajuste para policiais federais. Em sua fase inicial, o projeto em questão tirava poderes dos governadores sobre as Polícias Militares, mas esse tema foi deixado de lado, prevalecendo apenas os benefícios.

É importante destacar que há no País 406 mil policiais militares e 56 mil bombeiros. Um “exército” considerável em termos de contingente e que poderá agir ao arrepio da lei caso Jair Bolsonaro seja derrotado nas urnas, como mostram as pesquisas eleitorais.

Faz-se necessário que os brasileiros de bem e defensores da democracia fiquem atentos aos movimentos do presidente da República, que em janeiro de 2021 afirmou que o Brasil poderá viver uma reedição tropicalizada da invasão da sede do Parlamento norte-americano, o Capitólio.

“O pessoal tem que analisar o que aconteceu nas eleições americanas agora, basicamente qual foi o problema, a causa dessa crise toda: falta de confiança no voto. Lá, o pessoal votou e potencializaram o voto pelos Correios por causa da tal da pandemia e teve gente que votou três, quatro vezes. Mortos votaram, foi uma festa lá. Ninguém pode negar isso daí, então a falta de confiança levou a esse problema que está acontecendo lá. E aqui no Brasil se tivermos o voto eletrônico em 22 vai ser a mesma coisa, a fraude existe”, declarou o presidente Jair Bolsonaro.

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