O apagão da Saúde

(*) Gisele Leite

É muito conveniente o apagão de dados do Ministério da Saúde com relação à pandemia de coronavírus, ainda mais diante de total falta de gestão da pasta ministerial que conheceu um general e, depois, um médico subserviente.

Afinal, as linhas ideológicas do governo atual são negacionistas e anticiências e, fez tudo que pôde, para atrasar ao máximo a vacinação das crianças. Lançando até comentários desairosos ao Presidente da Anvisa e sua equipe que aprovou a vacinação infantil. Com a falta dos números, não se tem a real dimensão do caos da pandemia de Covid-19, especialmente, após as festas de fim de ano, ou será que seria fim de vida. Enfim, assim os pesquisadores restam impedidos de avaliar a dinâmica da transmissão virótica e projetar tendências e futuras medidas preventivas.

Consequentemente, os gestores estaduais e estaduais estão nas trevas e nem conseguem planejar a abertura e fechamento de leitos em hospitais, não podendo executar com segurança as medidas de isolamento e de prevenção da doença.

Em síntese, até a OMS conforme já noticiado, não tem dados do Brasil, e a entidade com razão, teme que não seja possível dimensionar o tamanho da nova onda virótica. Isto nos inferioriza perante o mundo todo.

Num efeito dominó, sem a base do Ministério da Saúde, interrompeu-se logo no começo de dezembro de 2021 a rotina de enviar a Fiocruz o pacote semanal de dados que serve de base para as análises da rede de vigilância epidemiológica. E, segundo o último boletim da Fiocruz, do dia 13 de dezembro do ano passado, já existiam problemas de acesso aos dados, pois já se configurava significativa subnotificação, traduzindo uma pseudo-estabilidade nas taxas de transmissão da Covid-19.

A Fiocruz consignou em seu boletim extraordinário que é gravíssima a falta de informações sobre a contaminação no Brasil e, que deixam no limbo as políticas públicas importantes para combater os prejuízos trazidos pela pandemia.

Em lugar algum no mundo, um orçamento de cerca de meio bilhão de reais por ano, ficam sem os dados necessários para se programar. Conclui-se que a falta de dados é conveniente ao negacionismo reinante e a falsa ideia de que tudo está bem e volta ao normal.

Não se pode combater uma séria pandemia, com uma fábrica criminosa de ilusões. Infelizmente, nem a declaração bizarra do Presidente da República em face da Anvisa, cujo presidente é oficial-general da Marinha, Dr. Antônio Barra Torres (que é médico) que publicou nota dura para que se retratasse, e caso contrário, não prevaricasse. Não apenas não se desculpou, como continua a insinuar que alguém lucra com a aprovação das vacinas infantis que foram chanceladas pelo mundo todo.

Aproveito a oportunidade para me solidarizar com Dr. Barra Torres e toda a equipe da Anvisa que tem trabalhado sofregamente nessa pandemia em prol da saúde do brasileiro e preservando o bem-geral do povo. Admiro sua coragem, principalmente, pelo teor de sua carta que entra nos anais da História do Brasil como um legado de fé na ciência e, respeito à humanidade.

(*) Gisele Leite – Mestre e Doutora em Direito, é professora universitária.

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