Assessores de Bolsonaro dizem que Weintraub é “maluco”, mas se calam diante das pretensões de Queiroz

 
Se na política há erros cruciais que devem ser evitados, abandonar aliados é certamente um dos primeiros da lista. Afinal, o jogo político é bruto e a vingança, como diz a sabedoria popular, “um prato que se come frio”.

No início do mandato, o presidente Jair Bolsonaro se cercou de pessoas que comungavam pela cartilha do radicalismo direitista, mas à medida que o governo foi desmoronando o campo ideológico passou a ser dominado pelo fisiologismo, em outras palavras, pelo “toma lá, dá cá”. E nesse ponto entrou em cena o despudorado Centrão.

Ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub é um dos que foram “lançados ao mar”. Preocupado com a possibilidade de ser preso por determinação do Supremo Tribunal federal (STF), Weintraub rumou às pressas para os Estados Unidos, onde cumpriu mandato-tampão no Conselho Executivo do Banco Mundial, em Washington.

De volta ao Brasil e sonhando com a possibilidade de concorrer ao governo de São Paulo, Weintraub passou a disparar críticas a Bolsonaro e à rendição do governo ao que há de pior na política nacional, o Centrão.

Diferentemente de Gustavo Bebbiano e do general da reserva Carlos Alberto Santos Cruz, que após deixarem o governo mantiveram um estilo discreto, com algumas críticas pontuais ao chefe do Executivo, o ex-ministro da Educação dá sinais de que não parará tão cedo com sua artilharia verbal.

 
Ciente do estrago que Weintraub pode causar em ano de eleições, o staff palaciano resolveu se manifestar acerca dos desvarios do ex-colaborador de Bolsonaro. Assessores do presidente da República afirmam nos bastidores que o palavrório do ex-aliado não passa de discurso de um “maluco com o ego ferido”.

Se essa percepção dos estafetas presidenciais é a tradução da realidade, Jair Bolsonaro precisa vir a público e explicar por qual motivo colocou à frente da Educação um “maluco”, algo percebido pelos brasileiros de bom-senso logo nos primeiros capítulos do governo. Além disso, o presidente deve explicações sobre o fato de ter indicado Weintraub a cargo no Banco Mundial.

Outra frente problemática

Enquanto lida com os efeitos colaterais das críticas de Abraham Weintraub, que quando deixou o ministério pediu um “abracinho” a Bolsonaro, o Palácio do Planalto acompanha as declarações de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e espécie de “carranca” na nau das malfadadas e criminosas “rachadinhas”.

Queiroz disse, em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, que pretende se candidatar à Câmara dos Deputados nas eleições de outubro próximo. Ligado ao finado Adriano da Nóbrega, miliciano conhecido no Rio de Janeiro e fundador do grupo de matadores de aluguel “escritório do crime”, Queiroz espera contar com o apoio do clã Bolsonaro.

“Se eu tiver o apoio deles “da família Bolsonaro”, com certeza serei o deputado mais votado do Rio de Janeiro”, afirmou Fabrício Queiroz, que continua devendo explicações sobre pagamentos em dinheiro vivo de Flávio Bolsonaro e os depósitos na conta bancária da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. É importante lembrar que Queiroz pagou em dinheiro as contas referentes à sua internação, com direito a cirurgia, em um dos mais concorridos e caros hospitais do País.

Não se deve descartar a possibilidade de a relação de Jair Bolsonaro com Queiroz ter continuado nos bastidores, mesmo após a revelação dos muitos escândalos, mas declarar apoio publicamente ao operador das rachadinhas pode representar mais uma “bomba” no projeto de reeleição do presidente.

Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.