Que o presidente Jair Bolsonaro é dotado de inabilidade devastadora todo brasileiro coerente já percebeu, mas o anúncio de que apenas os policiais federais poderão receber aumento salarial é demonstração de estupidez política sem precedentes, não sem antes ser um deboche com o trabalhador da iniciativa privada, que há muito enfrenta os efeitos colaterais de uma economia empacada.
Restando poucas horas para a sanção da Lei Orçamentária Anual, Bolsonaro sabe que fez uma promessa absurda sem avaliar o risco político-eleitoral, mas o chefe do Executivo parece decidido a enfrentar uma rebelião no funcionalismo federal, em vez de desistir do reajuste salarial dos policiais federais, policiais rodoviários federais e agentes penitenciários.
Em entrevista à TV Jovem Pan, cuja linha editorial é escancaradamente bolsonarista, o presidente descartou reajuste salarial para as demais categorias de servidores públicos. Isso significa não apenas abandonar o princípio da isonomia, mas impor situação de risco às muitas matérias de interesse do governo que dependem de aprovação do Congresso Nacional. Afinal, os servidores são bem articulados e sabem como exercer pressão na Câmara e no Senado.
“A gente pode fazer justiça com três categorias. Não vai fazer justiça com as demais, sei disso. Fica aquela velha pergunta a todos: vamos salvar três categorias ou vai todo mundo sofrer no corrente ano?”, disse Bolsonaro.
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