Bolsonaro foi à casa lotérica um dia após o sepultamento da mãe, mas cancela agenda por estar de luto

 
O presidente Jair Bolsonaro suspendeu a agenda pública desta segunda-feira (24) e cancelou viagem para a Colômbia prevista para os próximos dias. O Palácio do Planalto não informou oficialmente o motivo que levou ao cancelamento da agenda presidencial.

Contudo, ministros palacianos e aliados afirmam que o presidente da República está de luto pela morte da mãe, Olinda Bolsonaro, e que deve participar da missa de sétimo dia.

Nesta segunda-feira (24), foram retiradas da agenda oficial reuniões com o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães; com ministro Luiz Eduardo Ramos, chefe da Secretaria-Geral da Presidência; e com o subchefe para Assuntos Jurídicos da Presidência, Pedro Cesar Sousa. Também constava da agenda presidencial um evento do Programa Nacional de Prestação de Serviço Civil Voluntário, transferido para a próxima sexta-feira (28).

Em Cartagena (Colômbia), o presidente brasileiro participaria, na quinta-feira (27), da cúpula do Foro para o Progresso da América do Sul (Prosul), aliança de governos de direita da região, lançada em 2019.

 
A alegação de que Bolsonaro está de luto não condiz com seu comportamento horas depois do sepultamento da mãe, na cidade de Eldorado, no Vale do Ribeira (SP). No último sábado (22), um dia após o enterro de “Dona Olinda”, o presidente saiu caminhando pelas ruas da cidade e foi a uma casa lotérica fazer aposta na Mega-Sena. Durante o trajeto, o presidente parou para conversar com populares e concedeu entrevista a jornalistas, quando aproveitou para destilar seu discurso negacionista.

No velório, ocorrido na sexta-feira, Bolsonaro discurso e disse não compreender a morte. “A partida da minha mãe faz parte do ciclo natural da vida, mas, mesmo assim, é difícil entender a morte. E, nesse momento, só peço ao nosso Deus todo misericordioso que conceda à minha mãe a vida eterna”, disse o presidente. O editor do UCHO.INFO tratou do assunto em contundente artigo.

Em março de 2020, quando a pandemia alargava o passo no Brasil, o presidente afirmou que um dia todos hão de morrer. “Essa é uma realidade, o vírus tá aí. Vamos ter que enfrentá-lo, mas enfrentar como homem, porra, não como um moleque. Vamos enfrentar o vírus com a realidade. É a vida. Todos nós iremos morrer um dia”, declarou.

Assim como diz não compreender a morte, o chefe do Executivo não respeita a dor dos familiares dos 620 mil brasileiros que tombaram diante do novo coronavírus. Além disso, Bolsonaro, conhecido defensor da ditadura e adorador de torturadores, já defendeu uma guerra civil no País, com direito a matar pelo menos 30 mil pessoas. Segundo Bolsonaro, somente assim o Brasil poderia mudar o rumo.

Resumindo, quem vai à casa lotérica após o funeral da mãe não cancela compromissos por estar enlutado. O motivo certamente é outro, mas a assessoria presidencial não tem autorização para revelar, como muitos outros temas sensíveis a Bolsonaro.

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