Eleições 2022: as dificuldades de Sérgio Moro e os problemas de João Dória

 
As pesquisas eleitorais têm ressaltado, além da liderança de Lula, o impasse que cerca o surgimento de uma candidatura da chamada “terceira via”. Isso mostra que, considerado o cenário atual, a polarização deve continuar até as eleições de outubro.

Ex-ministro da Justiça e ex-sócio de consultoria internacional, Sérgio Moro tem enfrentado dificuldades das mais diversas. Filiado ao Podemos, Moro flerta com possível migração para o União Brasil, partido que resultou da fusão do Democratas com o PSL e terá direito a R$ 949 milhões da verba do fundo eleitoral. O Podemos, por sua vez, contará com R$ 229 milhões do “fundão”.

Não há como ignorar o quinhão eleitoral do União Brasil, quatro vezes maior do que o montante a que direito o Podemos. Moro não confirma publicamente seu desejo de migrar para o União Brasil, mas nos bastidores esse movimento é confirmado por pessoas que transitam nas três legendas.

Sérgio Moro enfrenta a resistência de alguns setores do União Brasil, que por enquanto não definiu um nome para concorrer ao Palácio do Planalto. Um dos flancos de resistência está na Bahia, onde Antônio Carlos Magalhães Neto, ex-prefeito de Salvador e secretário-geral da nova legenda, é candidato ao governo estadual.

ACM Neto sabe que na Bahia é grande o contingente de simpatizantes do PT, por isso quer distância de Moro, que como juiz da Lava-Jato em Curitiba desrespeitou a lei para dar vazão ao seu projeto político. O presidenciável do Podemos tem o direito de negar os fatos, mas as mensagens trocadas com integrantes da força-tarefa da Lava-Jato, tornadas públicas, não deixam dúvidas a respeito.

Outro ponto de resistência a Moro no União Brasil está em Goiás, onde o atual governador, Ronaldo Caiado, é candidato à reeleição e não quer saber do ex-juiz no mesmo palanque. Isso porque Caiado, mesmo tendo optado por um afastamento estratégico, é aliado do presidente Jair Bolsonaro, que tem o ex-ministro na alça de mira.

 
Em outro vértice da corrida presidencial, o tucano João Dória Júnior, governador de São Paulo, está empacado no último pelotão das pesquisas eleitorais. Com elevado índice de rejeição entre os eleitores paulistas, Dória tem no máximo mais três meses para mostrar capacidade ser um presidenciável com chance de chegar ao segundo turno. Para tal, precisará alcançar índice de intenção de voto de dois dígitos. Para quem aparece com 2% nas pesquisas, a missão é desafiadora.

A situação de João Dória é sui generis, pois o governo de São Paulo goza de boa avaliação. Esse cenário de contradição é resultado da atuação de Rodrigo Garcia, vice-governador e governador de fato. Afinal, Dória não é afeito a encontros e diálogos com prefeitos.

Garcia, que estava filiado ao Democratas, deixou a legenda para, a convite de Dória, filiar-se ao PSDB, com a promessa de que será o candidato do partido ao Palácio dos Bandeirantes. Dória, por sua vez, não tem cacife eleitoral para sequer tentar a reeleição, por isso sua intenção de concorrer à Presidência da República acendeu a luz de alerta no ninho tucano.

A João Dória, que recentemente desistiu de disputar a presidência nacional do PSDB, restam duas opções. A primeira é trair Rodrigo Garcia e concorrer à reeleição. Esse cenário precisará ser definido até 2 de abril, quando termina o prazo para filiações partidárias antes das eleições. A se confirmar tal hipótese, Garcia seria bem recebido no PSD, do ex-prefeito Gilberto Kassab. Com a pré-candidatura de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, fazendo água, um acordo de Kassab com Lula não deve ser descartado. Aliás, essa aproximação já deu os primeiros passos.

A segunda opção de Dória seria juntar-se a Sérgio Moro, que, considerando os índices de intenção de voto, seria cabeça de chapa. Nos bastidores do tucanato, onde o jogo acontece a léguas de distância do bom-mocismo, Aécio Neves há muito trabalha para dificultar a vida política do governador de São Paulo. Isso porque Dória, quando assumiu o comando do PSDB, defendeu a expulsão de Aécio por conta do escândalo envolvendo o empresário Joesley Batista, do grupo J&F.

Não obstante, enquanto Sérgio Moro é persona non grata para muitos tucanos, algumas alas do PSDB já se movimentam na direção de Lula, o que daria ao petista a possibilidade de vencer no primeiro turno. Fruto da saída do ex-governador Geraldo Alckmin, fundador do partido e que pode fazer dupla com Lula, a debandada exigiu do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso uma manifestação a favor de Dória. O que em termos eleitorais pouco contribui.

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