A Procuradoria-Geral da República denunciou nesta segunda-feira (31) o ministro da Educação, Milton Ribeiro, ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo crime de homofobia, cometido em 2020.
A investigação teve início a partir de entrevista concedida pelo titular da Educação ao jornal “O Estado de S. Paulo”, em setembro de 2020. Questionado sobre educação sexual em sala de aula, Ribeiro disse ser um tema importante para evitar gravidez precoce, mas afirmou não julgar necessário discutir questões de gênero e sexualidade.
“Acho que o adolescente, que muitas vezes, opta por andar no caminho do homossexualismo (sic), tem um contexto familiar muito próximo, basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas, algumas. Falta atenção do pai, falta atenção da mãe. Vejo menino de 12, 13 anos optando por ser gay, nunca esteve com uma mulher de fato, com um homem de fato, e caminhar por aí. São questões de valores e princípios”, afirmou Ribeiro na entrevista.
De acordo com o vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, “ao afirmar que adolescentes homossexuais procedem de famílias desajustadas, o denunciado (ministro) discrimina jovens por sua orientação sexual e preconceituosamente desqualifica as famílias em que criados, afirmando serem desajustadas, isto é, fora do campo do justo curso da ordem social”.
Milton Ribeiro não chegou ao cargo de ministro da Educação por mero acaso, mas por ter pensamento que coincide com o do presidente Jair Bolsonaro, um homofóbico confesso que usa a masculinidade frágil para propagar sua alegada “macheza”.
Ademais, um ministro da Educação que usa o termo “homossexualismo” só chegaria ao posto contando com a conivência torpe do presidente da República, que define as balizas ideológicas de um governo criminoso.
Como afirmou o UCHO.INFO ao longo da campanha presidencial de 2018, a eleição de Jair Bolsonaro colocaria o Brasil na rota do retrocesso e do obscurantismo. Mantivemos ao longo dos últimos três anos o mesmo alerta, não sem antes afirmar que os estragos produzidos pelo atual governo em todos os setores exigirão ao menos 20 anos de esforços dos brasileiros para o País retornar ao campo do bom-senso e da coerência.
Confira abaixo declarações homofóbicas de Bolsonaro
. “Para mim é a morte. Digo mais: prefiro que morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí. Para mim ele vai ter morrido mesmo.” (2011)
Em entrevista à revista “Playboy”, Bolsonaro afirmou que “seria incapaz” de amar um filho homossexual e acrescentou que ter um casal gay como vizinho desvaloriza imóveis. “Sim, desvaloriza! Se eles andarem de mão dada, derem beijinho, vai desvalorizar”, declarou. “Não sou obrigado a gostar de ninguém. Tenho que respeitar, mas, gostar, eu não gosto.”
. “O filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um couro, ele muda o comportamento dele. Tá certo?” (2010)
Deputado pelo PP, Bolsonaro fez essa declaração no programa Participação Popular, da TV Câmara, que discutia um então projeto de lei para proibir a punição corporal na educação de crianças. À época, ele fazia parte da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Casa. Conhecida como Lei da Palmada ou Lei Menino Bernardo, a regra entrou em vigor em 2014.
. “90% desses meninos adotados [por um casal gay] vão ser homossexuais e vão ser garotos de programa com toda certeza.”
A afirmação, em vídeo antigo sem data, foi reproduzida durante uma entrevista de Bolsonaro no programa Agora é tarde, da Band, em 2012. Questionado pelo apresentador Danilo Gentili sobre a fonte daquele dado, o deputado diz não ter “base nenhuma”. “É indiferente”, afirma, sugerindo ser uma “tendência” que filhos de casais homossexuais sejam também homossexuais.
. “Não existe homofobia no Brasil. A maioria dos que morrem, 90% dos homossexuais que morrem, morre em locais de consumo de drogas, em local de prostituição, ou executado pelo próprio parceiro.” (2013)
Em entrevista à minissérie documentário “Out there”, exibida pela emissora britânica BBC, Bolsonaro disse ao apresentador Stephen Fry que “a sociedade brasileira não gosta de homossexual”. “Nós não perseguimos. […] Não gostar não é a mesma coisa que odiar. Você não gosta dos talibãs.” Gay assumido, Fry descreveu o encontro como “um dos mais estranhos e sinistros” de sua vida.
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