Agentes da Divisão de Homicídios do Rio de Janeiro devem ouvir nesta terça-feira (1) o dono de um quiosque na praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste carioca, onde o congolês Moïse Kabamgabe trabalhava como atendente. O corpo do rapaz, de 24 anos, foi encontrado amarrado a uma escada do quiosque na segunda-feira da última semana.
De acordo com parentes do jovem, ele foi espancado até a morte por cinco homens após ter cobrado pagamentos atrasados no quiosque Tropicália, localizado perto do Posto 8. A família só ficou sabendo do ocorrido na manhã seguinte, mais de 12 horas após a morte.
Também nesta terça-feira, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, classificou a morte do rapaz como inaceitável. “O assassinato de Moïse Kabamgabe é inaceitável e revoltante. Tenho a certeza de que as autoridades policiais atuarão com a prioridade e rigor necessários para nos trazer os devidos esclarecimentos e punir os responsáveis. A prefeitura acompanha o caso”, escreveu no Twitter.
Laudo do IML
A perícia no corpo de Kabamgabe indica que a causa da morte foi traumatismo do tórax, com contusão pulmonar, causada por ação contundente, segundo informação do portal G1. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) aponta que os pulmões de Kabamgabe tinham áreas hemorrágicas de contusão e vestígios de broncoaspiração de sangue.
Parentes e amigos do jovem fizeram uma manifestação no último sábado na Barra da Tijuca em frente ao quiosque Tropicália, onde ele trabalhava, denunciando o caso e exigindo punição para os culpados pelo crime.
A Polícia Civil afirmou que está investigando o caso, que foram realizadas perícias no local e análises de imagens de câmeras de segurança para apurar o crime e identificar os responsáveis.
Refugiado de guerra
Kabagambe chegou ao Brasil com a mãe e os irmãos em 2014, como refugiado político, fugindo da guerra no Congo.
A comunidade congolesa no Brasil divulgou carta de repúdio afirmando que o rapaz foi espancado por cinco pessoas, entre elas o gerente do quiosque, que usaram pedaços de madeira e um taco de beisebol.
“Esse ato brutal não somente manifesta o racismo estrutural da sociedade brasileira, mas claramente demonstra a xenofobia dentro das suas formas contra os estrangeiros”, diz a nota de repúdio, que ressalta que o Brasil é signatário de convenções relativas à proteção dos direitos humanos.
“Meu filho cresceu aqui, estudou aqui. Todos os amigos dele são brasileiros. Mas hoje é vergonha. Mataram ele. Quero só justiça”, disse Ivana Lay, mãe do jovem, ao programa Bom Dia Rio, da TV Globo.
A morte do jovem provocou comoção nas redes sociais. “Esse ato brutal não manifesta somente racismo estrutural da sociedade brasileira, mas também a xenofobia em sua pior forma. Exigimos justiça para Moïse, seus familiares e amigos”, escreveu nas mídias sociais o Instituto Marielle Franco. (Com agências de notícias)
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