Weintraub “amarela” e diz à PF que Lewandowski quis comprar sua casa, mas nega imputação de crime

 
Na fatídica reunião ministerial de 22 de abril de 2020, que teve lugar no Palácio do Planalto, o encontro foi uma ópera bufa marcada por declarações absurdas que tinham o intuito de agradar ao presidente Jair Bolsonaro, que não ocasião não esconde o desejo de interferir na Polícia Federal para proteger os filhos, familiares e amigos.

Na reunião, o então ministro da Educação, Abraham Weintraub, chamou os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de “vagabundos” e defendeu que todos fossem mandados à prisão.

“A gente tá perdendo a luta pela liberdade. É isso que o povo tá gritando. Não tá gritando pra ter mais Estado, pra ter mais projetos, pra ter mais… o povo tá gritando por liberdade, ponto. Eu acho que é isso que a gente tá perdendo, tá perdendo mesmo. A ge… o povo tá querendo ver o que me trouxe até aqui. Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”, disse Weintraub.

Nesta sexta-feira (4), cumprindo determinação do ministro Alexandre de Moras, do STF, Weintraub depós à Polícia Federal no âmbito de inquérito que apura a disseminação de informações falsas sobre a Corte e seus integrantes, em vídeo com entrevista concedida ao podcast “Inteligência Ltda”.

Na entrevista, em tom de deboche, Abraham Weintraub afirma que um ministro do Supremo, que havia lhe negado habeas corpus, tentou comprar sua casa, localizada em condomínio de São Paulo. “O que acha disso? É adequado? Esse juiz me negou habeas corpus. Foi um dos dez que me negaram habeas corpus”, declarou Weintraub na entrevista.

Diante da PF, o ex-ministro não exibiu a mesma coragem que demonstrou ao chamar os ministros STF de “vagabundos”. No depoimento, Weintraub alegou que não teve intenção de difamar ninguém, mas só citou o caso no podcast ao ser questionado sobre o Supremo.

 
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“Nesse momento se recordou da proposta (…) por entender ser um caso curioso, anedótico e que lhe tinha causado mal-estar, pois sequer sua residência estava à venda”, disse Abraham Weintraub, como consta do termo de declarações prestadas à PF.

De acordo com Weintraub, foi o advogado Auro Tanaka quem lhe informou sobre a alegada proposta do ministro Ricardo Lewandowski. O ex-titular da Educação disse que o interesse na compra de sua residência foi revelado somente no segundo semestre de 2021 e que enviará à PF que comprovam a entrada do magistrado no imóvel.

“Dr. Auro disse ao declarante que a proposta foi encaminhada por meio de uma corretora, que não se recorda o nome. Possivelmente o nome da corretora estará no registro de entrada do condomínio, que o declarante encaminhará”, destaca o termo de declarações.

Weintraub negou que algum ministro do STF, servidor do tribunal ou terceiros tenham lhe pedido “algo em troca” de decisão judicial. Ele afirmou à PF não tinha intenção de imputar crime a Lewandowski.

“Se tivesse tal intenção, já teria proposto ação judicial”, afirmou, frisando que não citou o nome de Lewandowski na entrevista como forma de preservá-lo.

Esse repentino bom-mocismo de Abraham Weintraub prova que durante mais de um ano os destinos da Educação no Brasil estiveram nas mãos de um apasquinado que camufla a própria covardia com declarações polêmicas e torpes. Para quem chamou os ministros do STF de “vagabundos”, o depoimento de Weintraub é uma ode ao encalistramento.

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