Alexandre de Moraes, do STF, determina que Weintraub deponha à Polícia Federal nesta sexta-feira

 
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação, preste depoimento à Polícia Federal (PF) nesta sexta-feira (4) no âmbito do inquérito que apura vídeo publicado nas redes sociais com “diversas informações falsas” sobre a Corte e seus membros, como destaca a decisão do magistrado.

O depoimento deveria ter ocorrido até o último dia 29 de janeiro, mas foi adiado após Weintraub informar às autoridades policiais que havia testado positivo para a Covid-19. No despacho, Moraes não especifica onde e em qual horário o ex-titular da Educação, agora adversário político de Jair Bolsonaro, deverá ser ouvido.

No citado vídeo, base da investigação, Weintraub afirma, em entrevista ao podcast “Inteligência Ltda.”, que um dos integrantes do STF teria demonstrado interesse em comprar sua casa no Brasil, sob a justificativa de que ele não retornaria ao País após ida aos Estados Unidos para assumir cargo na diretoria do Banco Mundial.

Abraham Weintraub, que deixou o governo Bolsonaro em junho de 2020 sob uma enxurrada de críticas e a poucos passos de processo de impeachment, entrou na mira do STF depois de chamar os ministros da Corte de “vagabundos”. A declaração ocorreu na fatídica reunião ministerial que teve lugar no Palácio do Planalto, em 22 de abril de 2020, ocasião em que o presidente da República não se manifestou diante da ofensa.

 
“A gente tá perdendo a luta pela liberdade. É isso que o povo tá gritando. Não tá gritando pra ter mais Estado, pra ter mais projetos, pra ter mais… o povo tá gritando por liberdade, ponto. Eu acho que é isso que a gente tá perdendo, tá perdendo mesmo. A ge… o povo tá querendo ver o que me trouxe até aqui. Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”, disse Weintraub.

Um mês após o encontro palaciano, mais precisamente em 22 de maio, o então ministro Celso de Mello, do STF, suspendeu o sigilo da gravação em que Weintraub e outros membros do governo vociferaram sandices das mais variadas. À época, Celso de Mello frisou em sua decisão que a declaração “põe em evidência, além do seu destacado grau de incivilidade e de inaceitável grosseria, que tal afirmação configuraria possível delito contra a honra (como o crime de injúria)”.

No período em que esteve à frente do Ministério da Educação (um ano e dois meses), Abraham Weintraub foi protagonista de situações polêmicas e constrangedoras, sempre emolduradas por discursos absurdos que contavam com o apoio da ala ideológica do governo Bolsonaro.

O ex-ministro tem garantido o direito de permanecer em silêncio durante o depoimento, até porque ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo, mas terá de comparecer à PF. Ademais, o conteúdo do vídeo que é objeto de investigação dispensa qualquer prova adicional. Contudo, Weintraub, caso renuncie ao silêncio a que tem direito, dirá que foi mal interpretado ou, como tornou-se costume no Brasil, alegará que sua frase foi tirada do contexto.

Disposto a candidatar-se ao governo de São Paulo, como se o mais importante estado da federação precisasse de seus desvarios, Weintraub terá, no depoimento, a oportunidade de mostrar que coragem e ousadia são dois dos seus principais predicados. A conferir!

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