Forças militares da Rússia e de Belarus deram início nesta quinta-feira (10) a uma série de exercícios militares realizados no território belarusso, em meio a tensões entre Moscou e o Ocidente envolvendo temores de uma invasão da Ucrânia.
Exercícios militares entre Rússia e Belarus não são incomuns, mas a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) descreveu o destacamento como o maior de ambos os países desde o fim da Guerra Fria, há mais de 30 anos.
Também de acordo com o pesquisador Artem Schreibman, do Centro Carnegie de Moscou – organização fundada em 1994 e que analisa as relações pós-Guerra Fria entre a Rússia e antigos membros da União Soviética, como é o caso de Belarus -, “nunca houve um número tão grande de militares russos em solo bielorrusso em todo o período pós-soviético”.
Não se sabe ao certo quantos soldados foram destacados para os exercícios em Belarus, mas a Otan estima que sejam cerca de 30 mil militares – os quais se somam aos estimados 100 mil estacionados na fronteira da Rússia com a Ucrânia.
Conforme o Ministério da Defesa russo, os exercícios ocorrerão em pelo menos cinco áreas diferentes de treinamentos, principalmente no oeste e sudoeste de Belarus, próximos às fronteiras com Ucrânia e Polônia – que é membro da Otan.
Não está claro se armas nucleares serão utilizadas nos treinamentos. Conforme o Ministério da Defesa da Rússia, pouco antes de os exercícios começarem oficialmente nesta quinta-feira, bombardeiros de médio alcance patrulharam sobre Belarus.
Wolfgang Richter, especialista militar do Instituto Alemão para Assuntos Internacionais e de Segurança (SWP), afirmou à Deutsche Welle não haver nada de incomum em voos de patrulha do tipo. ”Os Estados Unidos também fazem isso. São sinais políticos”, afirmou, acrescentando que tais ações normalmente não envolvem armas nucleares.
Mísseis do tipo Iskander-M, que a OTAN afirma que foram levados pelos russos para Belarus, também poderiam ser equipados com armas nucleares. Mas Richter aponta que na Rússia eles foram equipados com armas convencionais até agora.
Ucrânia e OTAN também movimentam tropas
Em resposta aos exercícios militares em Belarus, a Ucrânia também começou uma série de treinamentos nesta quinta-feira. O ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, informou que os exercícios na Ucrânia também devem durar até o dia 20 de fevereiro, mas não precisou o número de militares nem de armamentos que serão utilizados.
O Reino Unido ordenou que pelo menos mil soldados do país fiquem de prontidão para apoiar uma resposta humanitária na região, caso necessário, segundo declarações do gabinete do primeiro-ministro Boris Johnson. Ao mesmo tempo, o governo vai quase duplicar o número de militares britânicos na Estônia: de 900 para 1.750.
Na última semana, o presidente americano, Joe Biden, aprovou o envio de forças adicionais para o Leste Europeu. Em torno de 2 mil soldados seriam destacados para Polônia e Alemanha, enquanto outros mil seriam deslocados da Alemanha para a Romênia.
Muitos analistas ocidentais não veem, no entanto, os destacamentos de tropas de membros da Otan para a Europa Oriental como uma defesa direta da Ucrânia.
“Em termos de números, é uma demonstração simbólica de que a Otan está unida e defenderá seus membros em caso de ataque”, afirma Kurt Volker, do Centro para Análise de Políticas Europeias (CEPA, na sigla em inglês). A mensagem é: “Para a Ucrânia, fornecemos armas e treinamento, mas não enviaremos forças diretas”, diz o analista. (Com Deutsche Welle e agências internacionais) [Foto do destaque: Viktor Tolochko – Sputinik)
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