Um dia após críticas de Fachin, próximo presidente do TSE, Barroso manda duro recado a Bolsonaro

 
A relação entre o Palácio do Planalto e a Justiça Eleitoral tende a piorar com o passar dos dias, ou seja, a tensão entre ambas as partes deve aumentar sobremaneira até as eleições de outubro, quando o presidente Jair Bolsonaro tentará a reeleição.

Na quarta-feira (16), o ministro Luiz Edson Fachin, que assumirão o comando da Corte eleitoral na próxima semana, mandou duros recados ao presidente Bolsonaro durante discurso. Fachin disse que uma das prioridades do TSE será enfrentar as “ameaças ruidosas do populismo autoritário”.

“Enfrentaremos distorções factuais e teorias conspiratórias às quais, somadas ao extremismo, intentam atingir o reconhecimento histórico e tradicional da Justiça Eleitoral”, afirmou o ministro, durante reunião de transição da gestão do ministro Luís Roberto Barroso para a sua.

“Há riscos de ataques de diversas formas e origem. Tem sido dito e publicado, por exemplo, que a Rússia é um exemplo dessas procedências. O alerta quanto a isso é máximo e vem num crescendo”, acrescentou.

Em visita oficial à Rússia, onde foi buscar suposto prestígio internacional, apesar de o Brasil ser considerado um pária diplomático, Bolsonaro criticou as declarações do próximo presidente do TSE, que poderá, tudo indica, dificultar o plano golpista que vem sendo fermentado no Palácio do Planalto.

 
“Eu estou em Moscou, ainda em solo russo. Uma crítica de, na verdade, três autoridades do TSE que integram o STF… é triste e constrangedor para mim receber essa acusação como se a Rússia se comportasse como país terrorista digital. Eles têm certeza, o Fachin, o Barroso e o senhor Alexandre de Moraes, que estou na Rússia. É lamentável esse tipo de declaração. Confesso que, se não visse as imagens e fosse matéria escrita, ia falar que é fake news”, disse.

Bolsonaro goste ou não, a Rússia não toma qualquer providência para combater o terrorismo digital, pelo contrário, porque essa prática criminosa faz parte da estratégia geopolítica de Vladimir Putin, que sonha com a reconstrução da União Soviética, cuja dissolução, na opinião do líder russo, foi a maior tragédia do século.

Que o presidente Jair Bolsonaro é um delinquente intelectual todo brasileiro de bom-senso já sabe, mas a viagem à Rússia em meio à crise com a Ucrânia foi descabida. Porém, Bolsonaro torrou o dinheiro público para, após submeter-se às regras sanitárias do Kremlin e realizar cinco testes RT-PCR, conseguiu o que queria: tirar uma foto cumprimentando Putin, como se isso mudasse a triste realidade brasileira.

O presidente brasileiro tem o direito de alardear que o Brasil é o maior parceiro russo na América Latina, mas trata-se de algo óbvio, pois o Brasil é de fato o maior país da região. Diante desse cenário, a situação não poderia ser diferente.

Mas os ataques a Bolsonaro a partir do TSE não cessaram. Nesta quinta-feira (17), o ministro Luís Roberto Barroso, em discurso de despedido, disparou contra o chefe do Executivo. “Não é de surpreender que dirigentes brasileiros não sejam hoje bem-vindos em nenhum país democrático e desenvolvido do mundo. E nos eventos multilaterais, vagam pelos corredores e calçadas sem serem recebidos, acumulando recusas e pedidos de reuniões bilaterais”, disse Barroso, sem citar Bolsonaro nominalmente.

De acordo com Barroso, “a marca Brasil vive um momento de deprimente desvalorização mundial. Passamos de um país querido e admirado internacionalmente a um país olhado com desconfiança e desprezo”. Quem conhece a realidade internacional e mantém contatos permanentes além de nossas fronteiras, sabe que a reputação do Brasil despencou desde a chegada de Bolsonaro ao Palácio do Planalto.

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