Bolsonaro abusa do desvario ao associar recuo das tropas russas à sua viagem a Moscou

 
É difícil saber o que é maior em Jair Bolsonaro: a delinquência intelectual ou oportunismo torpe. Talvez sejam equivalentes. Órfão na extrema direita internacional depois da derrota eleitoral de Donald Trump, o presidente brasileiro viajou a Moscou para mostrar eventual prestígio internacional. O périplo presidencial contará com escala na Hungria, onde Bolsonaro se reunirá com o ultrarradical Viktor Orbán.

Nesta quarta-feira (16), como esperado, Bolsonaro voltou a fazer uma absurda relação entre sua visita a Moscou a retirada das tropas russas da fronteira com a Ucrânia, que, é bom lembrar, ainda não foi confirmada pelos países que integram a Organização do tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Somente um desavisado é capaz de acreditar que Bolsonaro convenceu o presidente russo, Vladimir Putin, a não invadir a Ucrânia. Em conversa com os jornalistas, logo após o encontro com Putin, o presidente brasileiro afirmou: “Alguns países achavam que não deveríamos vir. Mantivemos nossa agenda, por coincidência ou não, parte das tropas deixou a fronteira”.

Em declaração que foge à realidade e avança no universo da realidade paralelo, Jair Bolsonaro completou: “A leitura que eu tenho do presidente Putin é que ele é uma pessoa também que busca a paz”. Afirmar que Putin busca a paz é passar recibo de ignorância.

 
Bolsonaro foi aconselhado a cancelar a visita oficial à Rússia, em razão da crise geopolítica, mas manteve a viagem a Moscou para mostrar ao planeta que não está alinhado ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que derrotou Trump nas urnas.

Na terça-feira (15), quando Bolsonaro ainda voava para Moscou, o ex-ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, usou as redes sociais para difundir a falsa ideia de que o presidente brasileiro era responsável pela retirada das tropas russas da fronteira com a Ucrânia.

Salles foi acompanhado pelo empresário Luciano Hang, um bolsonarista descontrolado, e pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, que se encarregaram de fazer subir nas redes sociais as hashtags “BolsonaroEvitouaGuerra” e “BolsonaroNobeldaPaz”.

A mais nova ópera bufa envolvendo o presidente da República e o bolsonarismo revela que, preocupado com um projeto de reeleição que esfarela, Bolsonaro afunda na vala do ridículo. Mas esse espetáculo pífio serve para manter agitada a horda de seguidores.

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