Alguém precisa tomar a dianteira e conter Putin, antes que a barbárie aumente e avance além da Ucrânia

(A. Druzhinin – Reuters)

 
Se há calhordas no terreno político global, o russo Vladimir Putin é um deles. Talvez o inquilino do Kremlin frequente o panteão da calhordice. Alguém há de dizer que não se faz jornalismo atacando políticos, mas o trabalho do UCHO.INFO, desde os seus primórdios, é também opinativo. E não há como chamar um calhorda por outro nome. Os adeptos da tirania podem nos ameaçar, como fizeram quando criticamos – e a ainda fazemos – Jair Bolsonaro, mas não nos curvamos diante de párias.

Putin deflagrou guerra contra a Ucrânia apenas porque precisa erguer uma cortina de fumaça para esconder as crises internas da Rússia, sempre abafadas com decisões antidemocráticas e truculentas. Além disso, Putin é um tirano imperialista que teve a pachorra de dizer que o fim da União Soviética foi a maior tragédia do século. Agora, o líder russo anuncia que aceita negociar com Kiev, desde que suas vontades sejam feitas. Em suma, não por parte de Putin qualquer intenção de negociar, até porque ele conhecido por ser um estrategista que se utiliza do blefe.

Alegar que os ucranianos são nazistas e que os russos que vivem na Ucrânia eram perseguidos é a pior mentira dos últimos tempos. Idêntica à mentira criada pelos Estados Unidos, que para invadir o Iraque inventou que Saddam Hussein armazenava armas químicas. Destruíram o Iraque na esteira dos interesses escusos de empresas petrolíferas americanas, mas não encontraram um só vestígio de arma química. Sugerimos o filme “Vice”, estrelado por Christian Bale, que esbanjou competência ao retratar a peçonha de Dick Cheney, vice-presidente de George Bush, o filho, um incompetente que chegou à Casa Branca. Mais de um ano antes da invasão do Iraque por “Baby Bush”, o editor alertou para a possibilidade de isso acontecer.

Voltando a Putin… O presidente da Rússia é um autocrata descontrolado que não aceita ser contrariado em suas decisões e insiste em levar adiante um plano que lhe permita ampliar o poder no vácuo da criação de uma federação de repúblicas eslavas.

A grande preocupação de Vladimir Putin é a aproximação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que avança na direção do Leste. O ditador russo vale-se do Pacto de Varsóvia, aliança militar criada em 1991, após o fim da União Soviética, para investir contra a soberania de algumas nações e ameaçar outras igualmente soberanas. A mais recente ameaça de Putin aconteceu nesta sexta-feira (25) e as nações ameaçadas são a Finlândia e a Suécia.

A guerra deflagrada contra a Ucrânia é um crime que deve ser punido com o máximo rigor, mas é inaceitável que os ucranianos enfrentem as tropas russas com coquetéis Molotov, sem que o Ocidente tome alguma providência factual, além dos anúncios de sanções e congelamento de ativos.

Quando, na quinta-feira (24), o presidente da Ucrânia disse, durante pronunciamento televisionado, que seu país foi abandonado pelo Ocidente em meio a uma invasão bárbara e criminosa, destacamos ser impossível discordar de Volodymyr Zelensky. Os ucranianos foram abandonados à própria sorte, ao passo que Zelensky demonstra ser corajoso ao continuar resistindo a uma potência militar que tem 3 mil ogivas nucleares e deve utilizar bombas termobáricas na tomada de Kiev.

 
Bombas termobáricas foram utilizadas na guerra civil da Síria, como destacou o jornalista Jorge Pontual, da GloboNews, e provocam ondas de calor em larga escala e criam vácuo, causando a explosão dos pulmões e do intestino das pessoas.

A tomada de Kiev, que pode acontecer nas próximas horas, foi antecipada por Volodymyr Zelensky, que espera ser a próxima noite a pior de todas. Estima-se que ao menos 5 milhões de ucranianos deixem o país fugindo das atrocidades patrocinadas por Putin. As forças russas dispararam misseis contra hospitais, em locais que abrigavam crianças, atiraram contra ambulâncias e “atropelaram” veículos civis com tanques de guerra.

Alguém precisa parar Vladimir Putin com extrema urgência, algo que não acontecerá com sanções e outras medidas. Basta ver o resultado da reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), que vetou resolução contra a guerra na Ucrânia. O Conselho, que tem cinco membros permanentes e dez rotativos, é arcaico e um voto contra dos efetivos derruba qualquer resolução. Como a Rússia é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, o voto contra foi do embaixador russo.

Os representantes dos países que integram a OTAN estão com “punhos de renda” para adotar medidas contra a Rússia e contra Vladimir Putin. A guerra da Ucrânia, como destacou o representante do governo japonês na ONU, é um problema de todo o planeta.

Por sua vez, a China, que é membro permanente do Conselho da ONU, está alinhada a Putin e adota discursos ambíguos e dissimulados. Enquanto defende a soberania dos países e uma solução pacífica para a guerra da Ucrânia, o governo de Pequim recomendou aos chineses que exibam em suas casa e veículos bandeiras do país. Ou seja, a China está mancomunada com Putin, que ordenou às forças militares para não atirar contra carros que tenha uma bandeira chinesa.

Fosse verdadeiro esse “bom-mocismo” de ocasião de Xi Jinping, a China não teria invadido, na quinta-feira (24), o espaço de Taiwan. A Pequim interessa o clima de instabilidade criado por Vladimir Putin, pois abre caminho para invadir Taiwan.

O presidente Jair Bolsonaro, que disse se pautar por seus ministros para tomar decisões e tratar de assuntos pertinentes a cada pasta, até o momento não condenou a guerra que aterroriza a Ucrânia. O tom do governo brasileiro mudou nas últimas 24 horas, principalmente depois que o vice-presidente Hamilton Mourão, que enquanto general da ativa estudou profundamente guerras, comparou Putin a Adolph Hitler. Em matéria anterior, o UCHO.INFO explicou os motivos que levam Bolsonaro a não engrossar a voz com o Kremlin. E não é apenas por covardia

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