Isolado do mundo, porém ainda perigoso

(*) Gisele Leite

O isolamento do Presidente da Rússia resta evidente diante da aprovação na Assembleia Geral da ONU de Resolução deplorando a invasão da Ucrânia. Não obstante a suavização do termo, a decisão não obteve grande efeito no mundo real, mas o placar é contundente e não deixou dúvidas.

Foram cento e quarenta e quatro votos a favor, incluindo os EUA, os países da União Europeia e o Brasil, contra apenas cinco votos, o da própria Rússia, Coreia do Norte, Eritreia, Síria e Belarus que está servindo de bases para as tropas russas. As potências tais como China e Índia estão entre os trinta e cinco países que se abstiveram.

Em Haia, o procurador do TPI, Karim Kham, afirmou que irá atender ao pedido de trinta e nove países e abrir investigação contra Rússia por possíveis crimes de guerra cometidos na Ucrânia. Lembrando que Moscou se desligou do Tribunal Penal Internacional em 2016, após a corte classificar a anexação da Crimeia, até então parte da Ucrânia, como uma ocupação.

Na guerra de narrativas, o cômputo das perdas russas no cenário interno é confuso, pois revela-se alto número de mortes entre as tropas russas, cerca de 498 soldados, e, tal índice é preocupante na opinião de analistas militares e põe em sério risco o apoio doméstico à invasão.

De qualquer forma, a Rússia já mudou o tom do discurso, tanto que já até admite fazer um corredor humanitário. E, em entrevista o atual Ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov reconhece que o Presidente Zelenski como líder legítimo da Ucrânia e, afirmou que os negociadores de Moscou estão disponíveis para mais um encontro e rodada de conversas com os representantes ucranianos. E o novo encontro acontecerá em breve.

Apesar disso, a declaração de Lavrov não veio acompanhadas de moderação militar. E, as tropas russas tomaram o controle da cidade portuária de Kherson, a mais importante porta de entrada de mercadorias na Ucrânia.

A imagem mais impactante foi ver um soldado russo (que se rendeu) tomando café e comendo bolo e, ainda, fazendo uma ligação de áudio e vídeo para sua mãe, por meio de uma senhora ucraniana que perguntava o motivo da violência por parte do soldado russo.

Em lágrimas, faminto e, ainda falando com a mãe, demonstrava que não sabia exatamente o que fazia ali naquela invasão. No vídeo, o soldado aparece visivelmente abalado, comendo um pedaço de bolo e tomando um copo de chá quente. Ele é acalmado por uma mulher ucraniana, que lhe oferece o telefone para que o militar pudesse falar com a mãe. Ao ouvi-la, o soldado começa a chorar.

O senador norte-americano Lindsey Graham disse em entrevista ao canal “Fox News”, em 3 de março de 2022, que para acabar com a guerra na Ucrânia será preciso matar o presidente russo, Vladimir Putin.

“Como isto termina? Alguém na Rússia deve levantar e acabar com este cara”, falou Graham. “A única maneira disso terminar é alguém na Rússia acabar com esse cara [Putin]. Você estaria prestando um grande serviço ao seu país —e ao mundo”, continuou.

Graham disse também que se os russos não matarem o presidente, eles viverão “na escuridão pelo resto das suas vidas” e ficarão “isolados do resto do mundo em abjeta pobreza”.

O embaixador da Rússia nos EUA, Anatoly Antonov, classificou a declaração de Graham como “inaceitável e ultrajante”. Segundo ele, “o grau de russofobia e ódio nos Estados Unidos em relação à Rússia está fora de escala”.

Enquanto uns se comportam como seres humanos civilizados, outros o fazem como infantes violentos. Antes da guerra já eram assim, apenas se revelaram…

(*) Gisele Leite – Mestre e Doutora em Direito, é professora universitária.

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