Bolsonaro mostra-se disposto a ignorar o ainda ministro Paulo Guedes e zerar impostos sobre combustíveis

 
O presidente Jair Bolsonaro começa a sentir os efeitos colaterais da disparada dos preços dos combustíveis. Há meses, o chefe do Executivo tentou transferir aos governadores a responsabilidade pela não redução nos preços dos combustíveis, mas a estratégia não funcionou.

Antes disso, Bolsonaro anunciou que de alguma maneira interviria na Petrobras, dando a entender que a chegada de Joaquim Silva e Luna à presidência da estatal era garantia de que os preços cairiam. Isso não aconteceu porque a Petrobras tem uma política preços atrelada à cotação do petróleo no mercado internacional.

Após mais de um mês, a Petrobras anunciou na última semana aumento de 18,8% no preço da gasolina, disponível na refinaria. Na esteira de um efeito cascata, o reajuste foi repassado ao consumidor final, que passou a protestar nas redes sociais contra o novo aumento.

Como vem destacando o UCHO.INFO, o problema maior na seara dos combustíveis está na ineficaz política econômica do governo. Quando Bolsonaro tomou posse, em janeiro de 2019, o dólar estava cotado a R$ 3,65, ao passo que agora está em R$ 5,15, ou seja, uma diferença nominal de R$ 1,50 (41%). Além disso, a guerra na Ucrânia fez disparar o preço do petróleo no âmbito global.

Nas redes sociais, a Petrobras reagiu às críticas dos consumidores, que embarcaram no discurso torpe de Jair Bolsonaro para responsabilizar a companhia petrolífera pela majoração dos preços. A Petrobras tem acionistas minoritários que devem ser respeitados e não pode se ver diante de um represamento de preços.

 
Ciente de que os preços dos combustíveis impulsionarão a inflação, afetando os setores de alimentos, produtos e serviços, e terão reflexo em seu projeto de reeleição, Bolsonaro está decidido a atropela o ministro Paulo Guedes e toda a equipe econômica. Em decisão meramente eleitoreira, o presidente quer reduzir na marra os impostos incidentes sobre os combustíveis.

No último sábado (12), Bolsonaro deixou claro que desrespeitará orientação da equipe econômica de não bancar uma desoneração indiscriminada sobre os combustíveis. O presidente culpou o Senado por não ter aprovado, na última semana, a medida junto com o corte de tributos do diesel.

Bolsonaro acenou com a possibilidade de enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei complementar que impeça que os reajustes feitos pela Petrobras cheguem ao consumidor final. Isso significa reprisar a desastrada estratégia adotada pela então presidente Dilma Rousseff de presar os preços dos combustíveis, decisão que consumiu algumas dezenas de bilhões de reais do dinheiro público.

Caso o presidente avance com essa proposta, Paulo Guedes precisa esclarecer à opinião pública se aceitará passivamente esse desvario ou pedirá para sair, algo que já deveria ter ocorrido. Resta saber o posicionamento do mercado financeiro, que em 2018 apoiou a eleição de Bolsonaro acreditando na adoção do liberalismo econômico. A conferir!

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