Sabujo, ministro da Justiça concede Ordem do Mérito Indigenista a Bolsonaro, Damares Alves e outros

 
Os brasileiros devem se preparar para a enxurrada de factoides palacianos que dominará a cena política a partir de agora. Com o presidente Jair Bolsonaro preocupado com seu projeto de reeleição, absurdos serão cometidos para camuflar a imagem de um governante pífio, totalitarista e que desrespeita a democracia e o Estado de Direito.

A mais recente sandice do governo foi publicada nesta quarta-feira (15) no Diário Oficial da União (DOU). Trata-se da concessão, pelo Ministério da Justiça, da Ordem do Mérito Indigenista ao presidente da República.

De acordo com o ministro da Justiça, Anderson Torres, que não se avexa com a própria sabujice, a honraria foi concedida “como reconhecimento pelos serviços relevantes em caráter altruísticos, relacionados com o bem-estar, a proteção e a defesa das comunidades indígenas”.

É importante ressaltar que, entre tantas pautas, o presidente Bolsonaro defende a exploração de minério em terras demarcadas. O chefe do Executivo já foi denunciado duas vezes pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) por sua “política anti-indígena”.

Na última semana, Bolsonaro usou a guerra na Ucrânia como pretexto para acelerar a votação de um projeto de lei que libera a mineração em áreas indígenas. Em discurso, o presidente afirmou que é preciso “integrar os irmãos indígenas” à sociedade e que eles são “praticamente como nós”.

 
Na sexta-feira (11), o governo lançou o Plano Nacional de Fertilizantes, como forma de jogar uma cortina de fumaça sobre os efeitos da guerra na importação de fertilizantes. O Brasil importa aproximadamente 90% dos fertilizantes utilizados no País, sendo que um quarto desse montante vem da Rússia.

Bolsonaro afirma que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), está sensível às questões envolvendo a exploração de recursos minerais em terras indígenas, apesar de ter conhecimento da existência de potássio, fora de reservas indígenas.

Em fevereiro, em claro apoio aos garimpeiros, o presidente publicou decreto que cria o Pró-Mape. Trata-se de uma ação oficial para apoiar o garimpo, principalmente na Amazônia, marcado pela extração ilegal de ouro e pedras preciosas.

Outros ministros do governo Bolsonaro também receberam a Medalha do Mérito Indigenista. Além do próprio titular da Justiça, a medalha foi concedida a Walter Braga Netto (Defesa), Tereza Cristina (Agricultura), Damares Alves (Direitos Humanos) e Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura).

Entre os agraciados, quem chama mais atenção, além de Bolsonaro, é a ministra Damares Alves, acusada de sequestrar e criar ilegalmente uma criança indígena. Integrantes da tribo indígena Kamayurá, no Xingu, em Mato Grosso, acusam a ministra de ter tirado uma criança de seis anos da aldeia sob a alegação de que a levaria para tratamento dentário. A criança nunca mais foi devolvida aos familiares e hoje, aos 20 anos, é apresentada por Damares como sua filha adotiva, embora a adoção não tenha sido formalizada.

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