Covid-19: uso de máscaras deveria continuar obrigatório em ambientes fechados, diz professor da UnB

 
Orientado por assessores palacianos e integrantes do “gabinete do ódio”, o presidente Jair Bolsonaro deixou de lado os discursos negacionistas em relação à pandemia de Covid-19 e à vacinação, o que não significa que o chefe do Executivo federal passou a concordar com os cientistas.

Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga não sabe mais o que fazer para reiterar sua subserviência a Bolsonaro. Na segunda-feira (14), após o governo do Distrito Federal abolir o uso de máscaras em locais abertos e fechados, Queiroga se deixou fotografar sem a proteção, quando, como médico, deveria orientar a população a continuar usando o equipamento.

“Isso decorre da situação de desaceleração da pandemia no Brasil. Em muitos estados já há o controle, como é o caso da cidade do Rio de Janeiro, estado de São Paulo. E os estados estão flexibilizando o uso das máscaras. Vocês sabem que o Supremo Tribunal Federal deu competência a estados e municípios para dispor a cerca desse tema em conjunto com a União”, disse o ministro.

“Então nós estamos trabalhando junto com os estados e municípios para por fim a essas medidas restritivas que incomodam as pessoas, mas que seguramente foram importantes no combate à pandemia”, continuou.

É importante que as autoridades cumpram o dever de informar sobre o risco de não utilizar máscaras de proteção em locais fechados, pois a liberação se deu debaixo da pressão de governantes que estão de olho nas eleições de outubro próximo.

 
Idosos e imunossuprimidos devem manter o uso de máscara como proteção contra a Covid-19, mesmo em cidades onde não há mais obrigatoriedade. O alerta é do professor do Departamento de Biologia Celular da Universidade de Brasília (UnB), Bergmann Morais Ribeiro.

“Na minha opinião, ainda não é o momento de liberar o uso de máscaras em ambientes fechados. Como o número de transmissões e mortes está diminuindo ao longo do tempo, a liberação em espaços abertos é algo natural. Mas, ainda não é o momento para espaços fechados. A variante ômicron é muito transmissível e há pessoas imunossuprimidas ou idosos que, se pegarem o vírus, mesmo vacinados, correm o risco de ser hospitalizados e ter a doença de forma grave”, disse Ribeiro. Para o professor, a liberação em espaços fechado deveria estar vinculada à queda do número de mortes por Covid-19.

De acordo com o professor da UnB, locais com aglomerações ainda deveriam manter a obrigatoriedade do uso de máscara, como transporte público, comércios, teatro, cinema, feiras e shopping.

A obrigatoriedade do uso também deveria ser mantida para estudantes e professores em escolas. Outro ponto destacado pelo professor é a necessidade de que os brasileiros completem o ciclo vacinal contra a Covid-19.

“A pandemia ainda não acabou. Existem outras variantes que surgiram, como a Ômicron, que aumentou o número de infecções na Grã-Bretanha, em Hong Kong e na própria China. Se não tomarmos cuidado, pode aparecer nova onda”, lembrou.

Fiocruz

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) afirma ser prematura a flexibilização de medidas protetivas contra a doença, como o uso de máscaras em locais fechados de forma irrestrita. De acordo com o boletim do Observatório Covid-19 divulgado pela instituição, as próximas semanas serão fundamentais para entender a dinâmica de transmissão da doença. Ainda não é possível avaliar o efeito das festas e viagens no período do carnaval.

O boletim cita estudo recente que sugere que o uso de máscaras deve ser mantido por duas a dez semanas após a meta de cobertura vacinal ser atingida, entre 70% e 90%. Com o surgimento da variante ômicron e sua maior capacidade de escape dos anticorpos, o boletim diz que as máscaras ficaram ainda mais importantes. (Com ABr)

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