Opositor de Putin, ativista Alexei Navalny sofre nova condenação na Rússia

 
Alexei Navalny, ativista político e oposicionista do regime de Vladimir Putin, foi condenado novamente nesta terça-feira (22) por um tribunal russo.

Na prisão desde janeiro de 2021, Navalny foi desta vez considerado culpado pela Justiça russa por “fraude” e “desacato”. Organizações como a Anistia Internacional (AI) classificaram o julgamento, iniciado em fevereiro deste ano, como uma “farsa” e apontaram que as acusações têm motivação política.

Navalny pode ter mais 13 anos de prisão acrescidos à sentença original de dois anos e meio. Os promotores que conduzem o caso também pretendem transferi-lo para uma colônia penal de segurança máxima.

No momento, o ativista permanece preso na colônia penal de Pokrov, cem quilômetros a leste de Moscou. Os procedimentos do julgamento foram todos realizados na penitenciária, o que foi alvo de críticas de organizações de direitos humanos e de apoiadores do político.

Apoiadores de Navalny também acusam o Kremlin de se aproveitar do momento, pois o julgamento foi ofuscado pela guerra na Ucrânia.

O adversário de Putin foi oficialmente acusado de desviar doações para a Fundação Anticorrupção (FBK), criada por ele em 2011. O líder oposicionista nega as acusações e acusa o Kremlin de agir por motivação política, já que ele é um dos maiores críticos do regime Putin. Recentemente, Navalny convocou protestos contra a invasão russa da Ucrânia. Ele também foi acusado de desacato ao tribunal por supostamente insultar um juiz durante um julgamento anterior.

 
Entre as atividades da FBK está a denúncia de enriquecimento ilícito de altos funcionários do governo russo através de esquemas de corrupção. Em 2021, a organização acusou Putin de ter mandado construir à beira do Mar Negro um palácio de US$ 1,4 bilhão. O documentário produzido pela FBK teve mais de 116 milhões de visualizações no YouTube, forçando Putin a negar pessoalmente a acusação, gesto raro no Kremlin.

O governo russo também continua perseguindo a rede de apoio a Navalny. No fim de abril de 2021, a Rússia incluiu na lista de organizações “extremistas e terroristas” a rede de filiais regionais anticorrupção. Um tribunal de Moscou já proibiu os escritórios de atividades como postar conteúdos na internet, organizar protestos e participar de eleições.

Navalny montou a rede de escritórios em dezenas de regiões da Rússia, enquanto fazia campanha para concorrer contra Putin nas eleições presidenciais de 2018. Embora ele tenha sido impedido de concorrer, os escritórios permaneceram. Em janeiro, a Rússia incluiu o próprio Navalny e alguns de seus principais aliados numa lista de terroristas e extremistas.

Por que Navalny está preso?

Navalny foi preso em janeiro de 2021 em Moscou, ao retornar da Alemanha, onde passou cinco meses se recuperando de um envenenamento por um agente nervoso desenvolvido na época da União Soviética. Ele acusa o Kremlin de tentar matá-lo. O governo russo nega.

No começo de fevereiro de 2021, um tribunal da Rússia sentenciou Navalny a dois anos e meio de prisão. A Justiça alegou que o ativista, em sua estada na Alemanha, violou as condições de sua liberdade condicional relacionada a uma sentença proferida em 2014, ao não se apresentar regularmente para as autoridades.

A sentença original envolve um suposto caso de fraude, num processo que foi considerado politicamente motivado e declarado ilícito pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos.

A prisão de Navalny serviu de estopim para protestos contra o Kremlin. Milhares saíram às ruas de dezenas de cidades para exigir a libertação do ativista e demonstrar insatisfação com o governo autoritário do presidente Putin. A reação das autoridades foi dura, e mais de 10 mil manifestantes foram detidos. Em 2021, ele chegou a fazer greve de fome por mais de 20 dias, para exigir o direito de ser examinado pelo seu próprio médico.

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