Bolsonaro sempre soube que pastores usavam o nome de Deus em vão para gatunagens na Educação

 
“Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. Como esse slogan de campanha e a promessa de combater a corrupção e acabar com a “mamata”, Jair Bolsonaro foi eleito presidente da República por milhões de brasileiros que se deixaram levar pelo discurso fácil e mentiroso.

De olho no apoio do eleitorado evangélico desde a campanha presidencial de 2018, Bolsonaro volta e meia recorre a citações bíblicas, no afã de agradar aos incautos que acreditam ser o presidente um enviado de Deus.

Agora, preocupado com um projeto de reeleição que dá sinais claros de desidratação, o chefe do Executivo intensificou as referências a Deus, como se sua conivência com a corrupção não fosse um capítulo da epopeia luciferiana.

Na última segunda-feira, 21 de março, dia em que comemorou o sexagésimo sétimo aniversário, Bolsonaro voltou a mencionar Deus em conversa com os apoiadores que se amontoam no cercadinho do Palácio da Alvorada.

“Tem uma passagem bíblica que fala que alguém pediu sabedoria. Eu sei que não sou tão inteligente assim, e eu pedi mais do que isso a Deus, eu pedi coragem para poder decidir”, afirmou.

Bolsonaro já admitiu publicamente ser um néscio nos mais variados assuntos, situação que Deus, por maior que seja a boa vontade, não consegue resolver. Um cidadão desprovido de inteligência e com coragem de sobra é um perigo, assim como é o presidente da República. Afinal, em situação normal, uma pessoa inteligente não é capaz de pular da ponte, enquanto o corajoso salta sem pensar.

 
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Na terça-feira (22), durante evento no município de Porto Nacional (TO), o presidente voltou a citar o nome de Deus, desta vez para afirmar que no seu governo não há casos de corrupção.

“Quero dizer da satisfação e do orgulho, da missão dada por Deus, de estar à frente do Executivo federal, buscando atender a todos os brasileiros, zelando pelo dinheiro público. Estamos há três anos e três meses sem corrupção no governo federal”, disse o presidente da República.

Enquanto ludibria a opinião pública com declarações que mesclam mentira com comoção, alguns dos seus aliados usam o nome de Deus em vão para uma prática recorrente na política nacional: roubar o dinheiro público.

Ministro da Educação, Milton Ribeiro, que é pastor evangélico, afirmou em gravação que prioriza os pedidos de recursos do FNDE apresentados pelo pastor Gilmar Silva dos Santos, que atua como lobista na companhia do também pastor Arilton Moura. Em suma, três pessoas usando o nome de Deus em vão para praticar ilícitos, enquanto o presidente, que tenta se passar como enviado de Deus, consente com a prática criminosa.

Bolsonaro, que não cansa de citar o nome de Deus, precisa do apoio do eleitorado evangélico, por isso vinha endossando as práticas luciferianas dos integrantes do “gabinete de pastores”, que funcionava informalmente no Ministério da Educação, com a aquiescência de outro representante (sic) de Deus na Terra. Para a sorte dos brasileiros não há casos de corrupção no governo de Bolsonaro.

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