“Gabinete de pastores” coloca Milton Ribeiro na berlinda; Centrão pressiona para abocanhar Educação

 
A situação do ministro da Educação, Milton Ribeiro, não é das melhores. Sua permanência no cargo, depois que o jornal “O Estado de S. Paulo” revelou o escândalo do “gabinete dos pastores”, é cada vez menos provável.

No momento em que a educação brasileira vive uma crise que aumentou ainda mais em razoada pandemia, dano que exigirá alguns para eventual recuperação, Ribeiro aceitou que dois pastores evangélicos – Gilmar Silva dos Santos e Arilton Moura – atuassem como prepostos da pasta, prometendo a prefeitos a liberação de verbas públicas no prazo recorde de dezesseis dias.

Em gravação divulgada pelo jornal “Folha de S.Paulo” na noite de segunda-feira (21), Milton Ribeiro admite priorizar pedidos de liberação de recursos do ministério encaminhados pela dupla de pastores, que visitaram alguns municípios prometendo o questionável “milagre”.

Na conversa, gravada durante encontro com prefeitos e os pastores, Ribeiro afirmou: “Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”. Em suma, Bolsonaro além de ser conivente com o ilícito, incentivou a ilegalidade.

 
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Como era esperado, o escândalo em algum momento alcançaria Bolsonaro, que segundo declaração do ministro da Educação foi quem pediu para atender aos pleitos dos pastores. Agora, com o escândalo subindo a rampa do Palácio do Planalto, Milton Ribeiro nega que o presidente da República tenha feito qualquer pedido nesse sentido.

Em nota, Milton Ribeiro afirmou que desde fevereiro de 2021, foram atendidos in loco 1.837 municípios em todas as regiões do País, em reuniões “eminentemente técnicas” organizadas por parlamentares e gestores locais, registradas na agenda pública do Ministério.

“Registro ainda que o presidente da República não pediu atendimento preferencial a ninguém, solicitou apenas que pudesse receber todos que nos procurassem, inclusive as pessoas citadas na reportagem”, informou o ministro.

Se por um lado o escândalo coloca Milton Ribeiro na berlinda, por outro o presidente Jair Bolsonaro sofre pressão do Centrão, que está pronto para encampar o Ministério da Educação. Considerando que o projeto de reeleição de Bolsonaro sofre as consequências de um governo desastrado, não será novidade se Ribeiro for demitido e a pasta acabar nas mãos do Centrão.

Não custa lembrar que o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, cantarolou, na pré-campanha de 2018, “se gritar pega Centrão, não fica um meu irmão”. Por outro lado, Bolsonaro prometeu, enquanto candidato acabar com a “mamata” e o “toma lá, dá cá”.

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