(*) Gisele Leite
O Ministério da Educação é uma trincheira repleta de lobistas evangélicos. A ideia da propina no interior das bíblias mais que uma profanação, parece ofender até ateus.
De acordo com denúncias de prefeitos, um pastor negociava a liberação de recursos para construção de escolas em troca de um quilograma de ouro. O Ministro Ribeiro já demonstra estar abatido e, com a enxurrada de denúncias não só produziu péssima repercussão na imprensa como a gravação do Ministro alegando apenas seguir recomendações presidenciais sequer fora desmentida.
Com a ascensão dos evangélicos, os olavistas também perderam espaço. Ficaram quase inteiramente reduzidos à Secretaria de Alfabetização, criada no governo Bolsonaro especialmente para abrigá-los.
Antes, as questões relativas à alfabetização eram tratadas pela Secretaria de Educação Básica, mas, desde o surgimento da secretaria dos olavistas, criou-se uma duplicidade – e, quando se trata do ensino de ler e escrever, ninguém mais sabe ao certo quem deve decidir o quê.
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, pediu uma perícia no áudio em que diz favorecer pastores a pedido do presidente Jair Bolsonaro. Aliados do ministro disseram à CNN, em caráter reservado, que a intenção é identificar se houve algum tipo de manipulação no áudio.
Enquanto há propinas sagradas inseridas no livro, há um filme inspirado em obra homônima de Danilo Gentili, sob a direção de Fabricio Bittar, intitulado “Como se tornar o pior aluno da escola” que narra as peripécias de dois adolescentes com dificuldades para cumprir as regras de uma escola. Trata-se de uma comédia brasileira rasa com piadas sexuais e escatológicas, os críticos apontam que a obra não tem muito a oferecer.
Na véspera de sua estreia, o filme passou a ser investigado pelo Ministério Público de São Paulo por omissão de classificação indicativa, durante divulgação, em desacordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Ele foi acusado por parlamentares bolsonaristas de ser uma produção que incita a pedofilia.
Atualmente o referido filme está classificado como impróprio para menores de dezoito anos.
Voltando, ao Ministério da Educação, o jornal “O Estado de S. Paulo” já havia apontado a existência de um gabinete paralelo no MEC, sob o comando dos pastores. Em 25.03.2022, a Polícia Federal abriu um inquérito para apurar a atuação de pastores na liberação de verbas no Ministério da Educação. A PF vai investigar suspeitas apontadas em um relatório da Controladoria-Geral da União sobre distribuições de verbas do FNDE (Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação).
Em outra frente, a Ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia autorizou, em 24.03.2022 que a PGR (Procuradoria-Geral da República) abra um inquérito sobre o ministro Milton Ribeiro.
Enfim, continuando na berlinda, poderíamos criar outro filme: “Como ser o pior ministro do mundo”, mas a censura etária seria pra lá de sessenta anos…
(*) Gisele Leite – Mestre e Doutora em Direito, é professora universitária.
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