Líderes globais condenam atrocidades cometidas por militares russos nos arredores de Kiev

 
O mundo reagiu com horror e condenação às imagens e relatos da cidade de Butcha, onde civis ucranianos foram covardemente mortos por soldados russos e colocados em valas comuns. Além disso, grande foi a indignação diante das acusações de assassinatos sumários e uso de violência sexual como ferramenta de guerra pelos russos.

Com 36 mil habitantes antes do início da guerra, Butcha é uma cidade localizada a menos de 8 quilômetros dos limites de Kiev. No final de fevereiro, tornou-se alvo das forças russas em seu caminho para alcançar a capital ucraniana.

Relatos de testemunhas e jornalistas

De acordo com os sobreviventes, muitos cidadãos permaneceram por semanas escondidos nos porões de suas casas, sem luz e calefação, até que as tropas ucranianas retomaram a cidade.

Após o recuo das tropas russas, começaram a surgir relatos de que soldados da Rússia teriam aprisionado e executado civis, além de agredir sexualmente mulheres, cujos corpos foram deixados nus e parcialmente queimados na margem das ruas.

Jornalistas independentes confirmaram relatos de moradores sobre a existência de valas comuns e muitas das atrocidades cometidas na cidade.

Repórteres da agência de notícias Associated Press viram os corpos de pelo menos nove pessoas em roupas civis, que pareciam ter sido mortas à queima-roupa em Butcha. Pelo menos dois estavam com as mãos amarradas atrás das costas. Os jornalistas da AP também viram dois corpos envoltos em plástico e amarrados com fita adesiva em uma vala.

 
Matéria relacionada
. Zelensky convida Angela Merkel e Nicolas Sarkozy para visitarem a cidade de Butcha, palco de genocídio

Um correspondente da agência de notícias Reuters relatou ter visto o corpo de um homem na beira da estrada com as mãos amarradas nas costas e com um tiro na cabeça. A emissora britânica BBC relatou cenário semelhante.

O prefeito de Butcha, Anatoliy Fedoruk, estimou que pelo menos 300 moradores foram mortos, alguns enterrados ao lado de vários soldados russos. O jornal ucraniano “Ukrayinska Pravda” informou no domingo que 340 corpos foram encontrados na cidade.

Há também relatos de vários moradores locais. “As pessoas estavam andando na rua e simplesmente foram abatidas a tiros”, diz um deles. “Eles simplesmente atiraram sem fazer perguntas.”

O que diz a Ucrânia?

A Ucrânia culpa as tropas russas pelo massacre e as acusa de atrocidades contra a população civil. O Ministério Público anunciou investigações. Mais de 50 membros do MP ucraniano e da Polícia Nacional trabalham na coleta de indícios e provas.

“Este é um inferno que precisa ser documentado para que os monstros que o criaram possam ser punidos”, escreveu a procuradora-geral ucraniana Iryna Venediktova no Facebook.

Autoridades ucranianas disseram que estavam documentando evidências para processar autoridades russas por crimes de guerra. Para condená-los, os promotores do Tribunal Penal Internacional (TPI) terão que demonstrar um padrão de atrocidades cometidos contra civis durante a invasão russa.

 
Rússia dá explicações contraditórias

A ONG de direitos humanos Human Rights Watch afirmou ter documentado o que descreveu como “aparentes crimes de guerra”, incluindo execuções sumárias, com base em testemunhos, mas disse ser ainda “muito cedo” para declarar os massacres como genocídio, à medida que aumentam os pedidos de investigação oficial sobre o que aconteceu na cidade.

Por outro lado, as autoridades russas alegam que as imagens de Butcha são “encenadas” ou que as tropas foram “provocadas” por “extremistas”, mas não forneceram evidências para tais alegações. Moscou solicitou uma reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas para tratar das acusações de crimes de guerra.

Condenação internacional

Líderes mundiais e grupos de direitos humanos foram rápidos em condenar a violência em Butcha. A alta comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, disse nesta segunda-feira (4) que a descoberta de civis mortos na cidade ucraniana levanta questões sobre possíveis crimes de guerra.

O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, disse que aliados ocidentais definirão novas sanções à Rússia nos próximos dias por causa da invasão e das “atrocidades” cometidas pelas tropas russas perto de Kiev. “E continuaremos a disponibilizar armas para a Ucrânia para que o país possa se defender da invasão russa”, acrescentou.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, escreveu no Twitter que Washington condena as “atrocidades aparentes” cometidas pelas “forças do Kremlin” e prometeu que os EUA “usarão todas as ferramentas disponíveis” para documentar os assassinatos e levar os responsáveis à justiça.

O presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, também se juntaram ao coro de condenações contra Putin e os militares russos.

Nesta segunda-feira (4), Macron disse a uma emissora de rádio francesa haver “indicações claras” de crimes de guerra russos em Butcha. “O que aconteceu em Butcha exige uma nova rodada de sanções e medidas muito claras”, ressaltou.

A UE também condenou as “atrocidades” pelas quais “as autoridades russas são responsáveis”. O chefe de política externa do bloco, Josep Borrell, disse que, após os relatórios, a UE “avançará, com urgência, na implementação de novas sanções contra a Rússia”. (Com agências internacionais)

Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.