Bolsonaro veta “Lei Paulo Gustavo” de incentivo à cultura

 
O presidente Jair Bolsonaro vetou um projeto de lei chamado Lei Paulo Gustavo, que previa o repasse de recursos federais no valor de R$ 3,9 bilhões a estados e municípios para ajudar a mitigar os efeitos da pandemia de Covid-19 sobre o setor cultural.

Em nota divulgada na terça-feira (5), a Secretaria-Geral da Presidência informou sobre o veto e argumentou que o projeto de lei prevê despesa sujeita ao teto de gastos sem apresentar formas de compensá-la e, portanto, contraria o interesse público.

Bolsonaro argumentou ainda que a medida “incorreria em compressão das despesas discricionárias que se encontram em níveis criticamente baixos”.

Do repasse total previsto, cerca de R$ 2,8 bilhões seriam destinados à área audiovisual, e cerca de R$ 1,1 bilhão a ações emergenciais no setor cultural. Os recursos deveriam vir do Fundo Nacional da Cultura, do Orçamento da União e de outras fontes não especificadas na proposta e deveriam ser operados diretamente por estados e municípios.

 
O projeto homenageia o ator e humorista Paulo Gustavo, que morreu em maio do ano passado, aos 42 anos, vítima de Covid-19.

A proposta, de autoria do senador Paulo Rocha (PT-PA), foi aprovada pelo Senado no último dia 15 de março. Antes disso, a Casa já havia dado aval à proposta em novembro, mas nesse meio tempo o projeto sofreu alterações na Câmara dos Deputados e voltou ao Senado.

Após a aprovação do projeto de lei pelo Senado, apoiadores de Bolsonaro pediram que o presidente vetasse o texto. O então secretário especial de Cultura, Mario Frias, chamou o projeto de absurdo. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também se manifestou contra a proposta.

O veto do presidente Jair Bolsonaro foi publicado na edição desta quarta-feira (6) Diário Oficial da União, mas o Congresso pode derrubá-lo.

Contra o setor cultural, Bolsonaro sabe que a classe artística é formadora de opinião e pode comprometer ainda mais o seu projeto de reeleição. Isso explica não apenas o veto, mas a guerra declarada ao segmento. As manifestações contra o presidente da República no festival de música Lollapalooza retratam com precisão o cenário. (Com agências de notícias)

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