Segundo turno na França: Macron parte para a ofensiva em redutos da ultradireitista Marine Le Pen

 
O presidente da França, Emmanuel Macron, deu início na segunda-feira (11) à reta final de uma campanha agressiva para vencer o segundo turno das eleições presidenciais, à frente da ultradireitista Marine Le Pen.

O resultado da disputa é bastante incerto, apesar da margem apertada obtida por Macron no primeiro turno no domingo (10). O presidente recebeu 27,85% dos votos, contra 23,15% de Le Pen. A segunda rodada da votação ocorrerá no dia 24 de abril.

O duelo entre Macron e Le Pen repete a disputa do segundo turno nas eleições de 2017, quando o atual presidente venceu por ampla margem com 66% dos votos. Contudo, os institutos de pesquisa preveem uma disputa mais acirrada para daqui a duas semanas.

As projeções apontam 53% para Macron e 47% para Le Pen. Porém, uma pesquisa de opinião realizada pelo grupo Ifop-Fiducial sugere que a vantagem de Macron seria ainda mais apertada, com 51% contra 49%. Uma vitória dependerá significativamente dos eleitores que votaram nos candidatos derrotados na primeira rodada da votação.

Fiel da balança

O candidato independente de esquerda Jean-Luc Mélenchon – que chegou a ameaçar o segundo lugar de Le Pen, ao receber 21,9% dos votos – poderá ser o fiel da balança. Por enquanto, Mélenchon evita declarar abertamente apoio a Macron.

Até agora, ele somente pediu a seus eleitores para que não deem “um voto sequer” a Le Pen, sem, no entanto, mencionar o nome do presidente. “Se Macron quiser convencer nossos eleitores, terá que trabalhar para isso”, disse o diretor de campanha de Mélenchon, Manuel Bompard.

 
Emmanuel Macron iniciou a campanha do segundo turno com uma visita à cidade de Denain, no norte do país, onde ele terminou em terceiro lugar no primeiro turno, atrás de Le Pen e Mélenchon. “Estou aqui hoje para convencer, mas também para ouvir”, disse.

“Eu vejo as divisões e partições, e o meu trabalho é unir as pessoas”, afirmou Macron, que costuma ser chamado por seus opositores de o “presidente dos ricos”. Ele disse que vai concentrar sua campanha em todos os lugares onde saiu perdedor no primeiro turno.

Le Pen deve se reunir com sua equipe antes de retomar, em alguns dias, seus esforços de campanha em pequenas cidades e nas áreas rurais da França. O certo, porém, é que ambos os candidatos vão tentar conquistar os que votaram nos derrotados da primeira rodada das eleições.

Frente anti-Le Pen?

Os primeiros impulsos favoráveis a Macron vieram dos candidatos derrotados do partido Comunista, Fabien Roussel; do Partido Socialista, Anne Hidalgo; de Yannick Jadot, dos Verdes, e da candidata de centro-direita do partido Os Republicanos, Valérie Pécresse. Todos declararam que votarão em Macron para impedir uma eventual vitória de Le Pen.

Le Pen, por sua vez, recebeu o apoio do outro candidato da extrema direita, Éric Zemmour, que levou pouco mais de 7% dos votos no primeiro turno. Com frequência acusada de racismo e de pregar a divisão no país, a ultradireitista vem tentando projetar uma imagem mais moderada, com o foco voltado para temas como a inflação e as preocupações cotidianas dos eleitores.

Macron deve explorar a antiga proximidade de sua adversária com o presidente russo, Vladimir Putin, além de suas políticas para a UE e os custos de seu programa econômico, que prevê amplas reduções tributárias.

 
Um momento crucial da campanha será o debate entre os dois candidatos no dia 20 de abril. Há cinco anos, Macron, mais bem preparado, saiu vencedor.

Mas, dessa vez, poderá ser diferente, já que ele deixou de ser uma novidade na política francesa, como era o caso em 2017. Além disso, a rejeição a Le Pen parece ter diminuído de forma significativa.

Partidos tradicionais em baixa

De qualquer forma, o grande desafio dessa segunda etapa das eleições francesas será motivar os 25% dos eleitores registrados que se abstiveram no primeiro turno.

A votação do último domingo deixou claro, mais uma vez, o fracasso nas urnas de duas legendas tradicionais, que, no passado, praticamente se revezavam no poder na França: o Partido Socialista e Os Republicanos.

Os socialistas amargaram apenas 1,75% dos votos – um resultado ainda pior que o de 2017, quando obtiveram 6,36%. A legenda penou por causa da impopularidade do então presidente François Hollande. O fracasso deste ano veio como consequência de uma campanha marcada pela fragmentação da esquerda.

Entre os Republicanos, o resultado foi apenas um pouco melhor. Valérie Pécresse conseguiu 4,8% dos votos. Bem abaixo dos 20,01% obtidos por pelo candidato François Fillon no pleito de 2017. (Com agências internacionais)

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