Bolsonaro vê como normal compra de 60 mil doses de Viagra e próteses penianas pelas Forças Armadas

(Evaristo Sá – AFP)

 
Todo brasileiro dotado de bom-senso sabe que o governo de Jair Bolsonaro é um tablado que mescla pílulas de ópera bufa com escândalos de corrupção, cenário que coloca o Brasil no precipício da imoralidade pública.

O caso da compra de 35 mil doses de citrato de sildenafila (conhecido comercialmente como Viagra) pelas Forças Armadas é mais um episódio que não encontra explicação no campo da razoabilidade. A caserna alegou que o medicamento foi adquirido para o tratamento de militares com hipertensão pulmonar arterial (HPA), aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O processo licitatório em questão prevê a compra de comprimidos de 25 mg e 50 mg de sildenafila, medicamento usado principalmente para disfunção erétil. Em que pese as alegações apresentadas pelas forças militares, a HPA é uma doença rara que acomete em especial as mulheres, entre 20 e 40 anos. Além disso, a dose correta para o tratamento da doença é 20 mg, ou seja, a justificativa apresentada pelos comandantes militares não convence.

Nesta quarta-feira (13), durante café da manhã, no Palácio da Alvorada, com ministros, parlamentares e pastores evangélicos, Bolsonaro afirmou que as Forças Armadas estão “apanhando” por causa da compra de sildenafila. Como de costume, o presidente da República criticou a imprensa por noticiar o caso.

“As Forças Armadas compram o Viagra para combater a hipertensão arterial e, também, as doenças reumatológicas. Foram trinta e poucos mil comprimidos para o Exército, 10 mil para a Marinha e eu não peguei da Aeronáutica, mas deve perfazer o valor de 50 mil comprimidos. Com todo o respeito, isso é nada… A quantidade para o efetivo das três Forças, obviamente, muito mais usado pelos inativos e pensionistas”, disse o presidente.

 
Ataques à imprensa não configuram novidade no âmbito de um governo inepto que se incomoda quando desmandos oficiais são descobertos e informados à população através de matérias jornalísticas.

A alegação de Bolsonaro contraria a opinião de especialistas sobre a hipertensão pulmonar arterial, que, como mencionado acima, é uma doença rara e que acomete pessoas=, entre 20 e 40 anos, principalmente mulheres. Como se sabe, o contingente feminino da Forças Armadas, da ativa e da reserva, jamais foi expressivo a ponto de justificar a compra de 35 mil comprimidos de citrato de sildenafila, a “pílula azul” que o chefe do Executivo insiste em afirmar que não usa.

O Ministério da Defesa afirmou em nota que a compra decorre da necessidade do plano de saúde dos militares. Pois bem, é obrigação do plano de saúde em questão se manifestar sobre o caso, não a Defesa. Além disso, a compra dos comprimidos é de responsabilidade do plano, não do governo.

Enquanto o Palácio do Planalto construía uma narrativa para eventualmente conter o ruido provocado pela compra dos 35 mil comprimidos de Viagra, veio à tona a informação sobre a aquisição de 60 próteses penianas pelo Exército. As próteses variam de 10 a 25 centímetros de comprimento. O Centro de Comunicação Social do Exército informou por meio de nota que apenas três próteses penianas foram compradas no ano passado.

No contraponto, o cidadão, responsável por financiar esses absurdos, que procura o Sistema Único de Saúde (SUS) não encontra medicamentos e aguarda meses, até anos, na fila para a realização de determinadas cirurgias.

É importante lembrar que à época das bizarras compras (2021) o ministro da Defesa era Walter Braga Netto, general da reserva cotado para ser candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro, que acredita ser normal o que no mínimo deve ser classificado como escândalo. Mesmo assim, há quem diga que Bolsonaro é o melhor presidente de todos os tempos.

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