Dois terços das crianças ucranianas estão em fuga por causa da guerra deflagrada por Moscou

 
A invasão russa na Ucrânia obrigou duas em cada três crianças ucranianas a deixarem suas casas, afirmou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Dos 7,5 milhões de ucranianos menores de 18 anos, 4,8 milhões estão em fuga.

De acordo com o diretor do Programa de Emergências do Unicef, Manuel Fontaine, 2,8 milhões de crianças foram deslocadas para outras regiões do país e outros 2 milhões buscaram abrigo seguro no exterior. Ele afirmou que, em 31 anos, de trabalho humanitário nunca tinha visto uma situação como essa e com tantos menores de idade em fuga num período tão curto.

“Eles foram forçados a deixar tudo para trás, suas casas, escolas, e, com frequências, membros da família. Ouvi histórias de pais desesperados tentando colocar seus filhos em segurança e crianças triste por não poderem ir mais para a escola”, afirmou Fontaine. O fechamento de escolas afetou a educação de 5,7 milhões de crianças e 1,5 milhão de jovens.

Ele alertou ainda que, das crianças ucranianas que ainda não estão em fuga, quase metade corre o risco de passar fome. A situação seria pior em Mariupol e Kherson, onde “menores e suas famílias vivem há semanas sem água encanada, saneamento, abastecimento regular de alimentos e assistência médica”.

 
O Unicef também afirmou que apurou até agora a morte de 142 crianças no conflito, mas reconheceu que o número deve ser bem maior. Relatos de que Moscou estaria levando milhares de menores da Ucrânia para serem adotados na Rússia, inclusive crianças com pais e parentes vivos, não foram confirmados pelo fundo.

A situação das crianças na Ucrânia foi tema de uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas nesta segunda-feira, que também ouviu os relatos da diretora-executiva da agência da ONU Mulheres, Sima Bahous, sobre as acusações de violência sexual no conflito.

Bahous disse que aumentaram as acusações de estupros e pediu que esses relatos sejam investigados para garantir justiça às vítimas e punir os responsáveis. A diretora também contou que o governo Moldávia, que acolheu cerca de 95 mil refugiados ucranianos, e a polícia de fronteira estão preocupados com o risco de tráfico de humanos, especialmente de mulheres jovens e desacompanhadas.

“A combinação de deslocamentos em massa com a grande presença de recrutas e mercenários e a brutalidade demonstrada contra civis ucranianos acendeu todos os alertas vermelhos”, disse Bahous.

Recentemente, começou a surgir diversas acusações de estupros cometidos por militares russos e mercenários que lutam ao lado da Rússia no conflito. O embaixador da Ucrânia na ONU, Sergiy Kyslytsya, disse que a procuradoria de seu país, em cooperação com agências de investigação e unidades de saúde, está instalando “um mecanismo especial” para documentar os casos de violência sexual. (Com agências internacionais)

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