Finlândia e Suécia debatem possível adesão à OTAN

 
A primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin (à esquerda na foto), e a primeira-ministra da Suécia, Magdalena Andersson, se reuniram nesta quarta-feira (13) em Estocolmo para discutir questões de segurança regional após a invasão russa à Ucrânia. Ambas apontaram que o conflito mudou o “cenário da segurança na Europa”.

Em entrevista coletiva conjunta, Marin disse que ainda não é possível estipular data para uma decisão sobre se a Finlândia se juntará à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), mas afirmou que a resposta virá em “questão de semanas, não de meses”.

Por sua vez, Andersson disse que a Suécia não apressaria a decisão sobre aderir à OTAN, mas que a avaliação do país sobre a situação de segurança seria “minuciosa”. Segundo o jornal sueco “Svenska Dagbladet”, Andersson teria afirmado que uma possível adesão do país à Aliança Atlântica poderia ser anunciada em junho.

Nas próximas semanas, o parlamento da Finlândia ouvirá uma série de especialistas em segurança, à medida que o país avança em direção a uma decisão “antes do meio do verão”, disse Marin. Analistas e especialistas acreditam que uma possível apresentação de uma candidatura para a adesão pode ocorrer em junho.

Aval dos 30 estados-membros

Para que Finlândia e Suécia sejam aceitas na OTAN, todos os atuais 30 estados-membros precisam concordar com a entrada, processo que pode levar de alguns meses a um ano. O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, disse que a porta para a adesão está aberta.

Embora muitos analistas esperem uma candidatura conjunta dos dois países, as líderes de ambas as nações enfatizam que Finlândia e Suécia podem chegar a conclusões separadas sobre a adesão à aliança militar.

Na Suécia, a guerra da Rússia contra a Ucrânia provocou ansiedade, bem como uma reviravolta política sobre a questão do não alinhamento militar do país.

A Rússia disse repetidamente que avalia que a expansão da OTAN é uma ameaça aos país, enquanto a OTAN argumenta que a aliança é de natureza defensiva.

 
A situação da Finlândia

Nesta quarta-feira, foi divulgado um relatório encomendado pelo governo finlandês que avalia o ambiente de segurança “fundamentalmente alterado” na Europa após a guerra na Ucrânia. O Parlamento deve debater o tema a partir da próxima quarta-feira.

O Ministério da Defesa avaliou que “se a Finlândia e a Suécia se tornarem membros da OTAN, o limite para o uso de força militar na região do Mar Báltico aumentaria, o que aumentaria a estabilidade da região a longo prazo”.

No entanto, segundo o relatório, manter o status quo no contexto da invasão ordenada por Moscou à Ucrânia também representa riscos.

O relatório constata que o efeito mais significativo da possível entrada da Finlândia na OTAN seria que o país passaria a fazer parte da defesa coletiva da Aliança e contaria com garantias de segurança que oferece o artigo 5 sobre proteção conjunta.

Ao mesmo tempo, o documento adverte que uma solicitação de ingresso poderia ter consequências “em grande escala e difíceis de prever”, entre elas, o aumento das tensões na fronteira entre Finlândia e Rússia, para as quais, o país nórdico precisaria se preparar.

“Em uma situação em que a Rússia está tentando construir sua esfera de influência mediante uso de meios militares, a falta de reação diante da mudança na situação de segurança poderia provocar uma mudança na posição internacional da Finlândia e uma redução da sua margem de manobra”, diz o documento.

 
A situação da Finlândia é bastante particular, pois ela compartilha uma fronteira de 1.340 quilômetros com a Rússia. Em 1917, o país declarou independência da Rússia, em meio ao caos da Revolução Russa.

Anos depois, a Finlândia lutou na Guerra de Inverno, entre 1939 e 1940, após uma invasão pela então União Soviética. Embora tenha perdido cerca de 10% de seu território, a Finlândia conseguiu infligir pesadas perdas ao Exército Vermelho e manter o controle de sua capital e nação. Durante a Guerra Fria, para evitar novos conflitos, a Finlândia se submeteu a um status formal de neutralidade.

Atualmente, a decisão da Rússia de invadir a Ucrânia levou a um aumento no apoio público de 20 a 30 pontos percentuais em favor da Finlândia se juntar formalmente à OTAN. Agora, mais de 50% da população é favorável à adesão.”
A Finlândia já coopera fortemente com as forças dos EUA e da OTAN, embora não seja protegida pela parte de defesa mútua do tratado. O jornal ”Helsingen Sanomat” entrevistou os legisladores do país e constatou que metade dos 200 membros do Parlamento aprovam a adesão, com apenas 12 se opondo firmemente.

A situação da Suécia

A Suécia está em situação diferente, pois não faz fronteira com a Rússia. No entanto, a ilha estratégica de Gottland, no Mar Báltico, pode tornar o país vulnerável caso surja um conflito na região.

Robert Dalsjo, diretor de pesquisa da Agência Sueca de Pesquisa de Defesa, disse que os suecos perceberam “que podem se encontrar na mesma posição que a Ucrânia: muita simpatia, mas nenhuma ajuda militar”.

Os social-democratas no poder da Suécia mudaram de ideia sobre sua oposição de longa data à adesão à OTAN nesta semana. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Suécia ficou formalmente neutra e não luta em uma guerra há mais de 200 anos. (Com agências internacionais)

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