Moscou inicia nova fase da guerra na região Leste da Ucrânia

 
A Rússia intensificou sua batalha pelo controle da região leste da Ucrânia, aumentando os ataques a cidades e povoados ao longo de uma frente de centenas de quilômetros, ação que militares russos e ucranianos definem como uma nova fase da guerra.

Após as tropas russas fracassarem na tentativa de tomar a capital ucraniana, Kiev, o Kremlin declarou que seu principal objetivo é a captura da região de Donbass. Se bem-sucedida, a ofensiva daria ao presidente russo, Vladimir Putin, uma vitória que ele poderia apresentar ao povo russo em meio às baixas crescentes da guerra e às dificuldades econômicas causadas pelas sanções do Ocidente.

Nas últimas semanas, as forças russas que deixaram Kiev se reagruparam em preparação para uma ofensiva total em Donbass, onde os separatistas apoiados por Moscou têm lutado contra as forças ucranianas nos últimos oito anos e onde declararam duas repúblicas independentes que foram reconhecidos pela Rússia.

Enquanto o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e outras autoridades disseram que a ofensiva tinha começado, analistas afirmam que trata-se apenas do começo de um novo ataque maciço.

Nova fase

Militares da Ucrânia disseram nesta terça-feira (19) que uma “nova fase de guerra” começou no dia anterior, quando “os ocupantes fizeram uma tentativa de penetrar nossas defesas ao longo de quase toda a linha de frente”.

Assim como os ucranianos, o ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov, confirmou que uma nova fase da guerra estaria começando. “A operação no leste da Ucrânia tem como objetivo, como já se anunciou, a libertação completa das repúblicas de Donetsk e Lugansk”, afirmou numa entrevista à cadeia de TV India Today.

O chefe da diplomacia russa também assegurou que a Rússia não pretende mudar “o regime” na Ucrânia.

“Não vamos mudar o regime na Ucrânia, já falamos sobre isso muitas vezes. Queremos que os ucranianos decidam por si mesmos como querem viver”, disse ele, apesar de ter justificado a ofensiva na Ucrânia no início da campanha militar com “desnazificação” do país vizinho, referindo-se em várias ocasiões ao “regime nazista” em Kiev.

 
No que pareceu ser uma intensificação dos ataques, o porta-voz do Ministério da Defesa russo, major-general Igor Konashenkov, disse que mísseis destruíram 13 bases de tropas e armas ucranianas, enquanto a força aérea atingiu 60 outras instalações militares ucranianas, incluindo depósitos de armazenamento de ogivas de mísseis.

A artilharia russa teria ainda alvejado 1.260 instalações militares ucranianas e 1.214 concentrações de soldados nas últimas 24 horas. As informações russas não podem ser verificadas independentemente.

O Pentágono classificou a campanha intensificada como uma “formação de operações” para a preparação de uma ofensiva mais ampla na maior parte região de língua russa de Donbass.

As novas investidas militares russas começaram nesta segunda-feira ao longo de uma frente em forma de arco que se estende por mais de 480 quilômetros, indo do Nordeste da Ucrânia ao Sudeste.

A Rússia tem atingido várias áreas com mísseis, incluindo o Kharkiv, no nordeste ucraniano, assim como regiões ao redor Zaporíjia e Dnipro, a oeste do Donbass. Cinco civis foram mortos em Kharkiv, afirmaram nesta terça-feira autoridades locais.

Queda de Kreminna

As tropas russas tomaram na segunda-feira o controle de Kreminna, cidade no Donbass, de acordo com o governador de Lugansk, Serhiy Haidai. O avanço em Kreminna leva os russos a um pequeno passo mais perto de seu aparente objetivo de cercar as tropas ucranianas na região, avançando a partir do Norte e do Sul e pressionando as forças ucranianas contra o território detido pelas tropas russas no Leste.

Oleksi Danilov, secretário do Conselho de Segurança Nacional da Ucrânia, disse que a linha defensiva está sendo mantida em outras áreas.

A captura de Kreminna também aproxima os russos da cidade de Sloviansk, cuja perda representada pelos separatistas apoiados pela Rússia se tornou um revés humilhante para Moscou nos estágios iniciais do conflito separatista em 2014.

 
Bombardeios seguem em Mariupol

Na cidade portuária de Mariupol, sitiada pelos russos desde os primeiros dias da guerra, os bombardeios continuaram e nesta terça-feira a Rússia emitiu um novo ultimato para que as tropas ucranianas no local se rendam, dizendo que aqueles que saírem terão suas vidas poupadas. Os ucranianos ignoraram ofertas similares anteriores.

Garantir o controle de Mariupol liberaria tropas russas para atuação em outros lugares no Donbass, privaria a Ucrânia de um porto vital e completaria a ligação terrestre entre a Rússia e a Península da Crimeia, anexada pela Ucrânia em 2014.

Denys Prokopenko, comandante do Regimento Azov da Guarda Nacional da Ucrânia, que está guardando o último bolsão ucraniano conhecido de resistência em Mariupol, disse em uma mensagem de vídeo que a Rússia havia começado lançar bombas destruidoras em bunkers na siderúrgica Azovstal, onde o regimento está resistindo.

Acredita-se também que civis estejam abrigados na usina, que tem área de cerca de 11 quilômetros quadrados.

Na segunda-feira (18), Zelensky disse em vídeo que “parte significativa de todo o exército russo” está agora concentrado na batalha pelo Donbass. “Não importa quantas tropas russas sejam levadas para lá, nós lutaremos. Nós nos defenderemos”, prometeu. (Com agências internacionais)

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