Abusando da desfaçatez, o oportunista Dória ignora as duras críticas do passado e agora elogia Lula

 
Que João Dória Júnior, ex-governador de São Paulo e presidenciável do PSDB, é um oportunista profissional e de plantão muitas pessoas sabem. Esse traço da personalidade de Dória o faz um político desprezível e nauseante, principalmente por não honrar as próprias palavras.

Ex-governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto disse certa vez: “Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito, olha de novo e ela já mudou”. Não configura crime mudar de ideia, principalmente no campo político, mas no caso de João Dória a mudança é aviltante.

Durante a campanha de 2018, que o levou ao Palácio dos Bandeirantes, algo que só foi possível graças a uma aliança informal com Jair Bolsonaro, Dória não perdeu uma só oportunidade para criticar a tacar o ex-presidente Lula, que na ocasião estava preso em decorrência de condenação no âmbito da Operação Lava-Jato.

Em abril de 2019, já governador do mais importante estado da federação, Dória disse torcer para que Lula passasse longos anos preso. “A Justiça não se discute, cumpre-se. O ex-presidente e hoje presidiário Lula tem outras penas que serão julgadas também, pode reduzir 4 anos dessa, mas tem outras penas”, afirmou logo após encontro com Bolsonaro, no Palácio do Planalto.

Em abril de 2017, durante entrevista à Rádio Gaúcha, Dória chamou Lula de “bandido” por “ter roubado o povo”, mas defendeu tucanos envolvidos em escândalos de corrupção e disse que é preciso investigar antes de se condenar de forma antecipada.

 
“O PT durante 13 anos no poder quase destruiu o país, gerou 13 milhões de desempregados, foi responsável pela pior recessão da história e o maior assalto aos cofres públicos. Então não dou moleza ao PT”, afirmou.

“A diferença é que os do PT não só foram indiciados, como criminalizados e cumprem pena. Vide José Dirceu, todos os tesoureiros, vários parlamentares. Não são um nem dois, passa da cada da dezena. Agora no PSDB há que se investigar, ninguém é contra investigação, mas investigado não é condenado”.

Agora, empacado nas pesquisas eleitorais e enfrentando dificuldades para se firmar como candidato à Presidência da República, João Dória mudou o discurso e tece elogios a Lula, apostando na curta memória do cidadão em relação a temas políticos.

Na quarta-feira (27), após participar da 23ª Marcha dos Prefeitos, em Brasília, o presidenciável tucano afirmou que respeita o ex-presidente Lula porque o petista é “inteligente e tem passado”. Dória também disse que Bolsonaro “não merece respeito”.

“Embora eu seja um antagonista ao Lula, eu o respeito. O Lula não é Bolsonaro, o Lula é inteligente e tem passado. Eu tenho posições diferentes das dele, mas tenho respeito por ele. Já o Bolsonaro não merece o meu respeito. Eu sou um liberal social”, declarou João Dória.

Para quem torcia para que Lula passasse longos anos atrás das grades, João Dória é o que se pode chamar de “metamorfose ambulante”. Não por acaso, em carta divulgada na internet, um ex-assessor de Dória afirma que o tucano “é tão verdadeiro quanto nota de R$ 30,00, ou como o tingimento de seus cabelos ou o botox que andou aplicando”.

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