Lira e Pacheco defendem o sistema eleitoral em meio ao avanço do plano golpista de Jair Bolsonaro

 
Presidente da Câmara dos Deputados e um dos próceres do Centrão, Arthur Lira (Progressistas-AL) bate “palmas” para Jair Bolsonaro dançar porque é recompensado à altura: manda e desmanda nos bastidores do governo e tem nas mãos a caneta do criminoso “orçamento secreto”.

Em outro ponto do Congresso Nacional, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), alterna seu comportamento subserviente a Bolsonaro. Quando precisa mandar recado à opinião pública, adota postura de opositor, como se de fato assim fosse. No contraponto, quando deseja falar para seus pares no Parlamento, Pacheco adota um discurso mais moderado. Isso porque o parlamentar mineiro sonha com mais um mandato como presidente do Senado.

Pacheco fez coro com Lira para defender que a palavra final sobre cassação de mandato eletivo deve ser do Congresso Nacional, não do Supremo Tribunal Federal (STF), mesmo que a sentença condenatória transitada em julgado determine a perda do mandato parlamentar. Trata-se de mais um posicionamento corporativista, pois a depender do acordo político em vigência o criminoso sai impune.

Na esteira do decreto que perdoou a pena imposta pelo STF ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), o presidente Jair Bolsonaro tem usado os eventos de pré-campanha, todos ilegais, para atacar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o sistema de votação. Em cerimônia no Palácio do Planalto, na quarta-feira (27), para comemorar o perdão concedido a Silveira, o presidente voltou a colocar em xegue a segurança do sistema eleitoral.

Em mais uma demonstração de totalitarismo e de ameaça à democracia, Bolsonaro sugeriu que as Forças Armadas possam também contabilizar os votos das próximas eleições. “Não precisamos de voto impresso para garantir a lisura das eleições”, afirmou Bolsonaro, ao destacar que as Forças Armadas apresentaram sugestões ao TSE.

“Como os dados vêm pela internet para cá e tem um cabo que alimenta a sala secreta do TSE, uma das sugestões é que, nesse mesmo duto que alimenta a sala secreta, seja feita uma ramificação um pouquinho à direita para que tenhamos do lado um computador das Forças Armadas, para contar os votos no Brasil”, emendou. Em seguida, estimulou a desconfiança no processo. “Dá para acreditar nisso, uma sala secreta onde meia dúzia de técnicos diz ‘Olha, quem ganhou foi esse’?”

Depois dessa declaração estúpida e golpista do presidente da República, Rodrigo Pacheco e Arthur Lira saíram em defesa do sistema eleitoral. O presidente do Senado usou sua conta no Twitter para afirmar que “não tem cabimento levantar qualquer dúvida sobre as eleições no Brasil”.

 
“As instituições e a sociedade podem ter a convicção da normalidade do processo eleitoral. A Justiça Eleitoral é eficiente e as urnas eletrônicas confiáveis”, escreveu Pacheco na rede social.

“Ainda assim, o TSE está empenhado em dar toda transparência ao processo desde agora, inclusive com a participação do Senado”, complementou Pacheco. “Não tem cabimento levantar qualquer dúvida sobre as eleições no Brasil. O Congresso Nacional é o guardião da democracia.”

Arthur Lira, por sua vez, afirmou em postagem no Twitter que o sistema de votação “referência” e questionar a lisura do processo eleitoral serve apenas para “colocar em dúvida a legitimidade de todos os eleitos em todas as esferas”.

“O processo eleitoral brasileiro é uma referência. Pensar diferente é colocar em dúvida a legitimidade de todos nós, eleitos, em todas as esferas. Vamos seguir – sem tensionamentos – para as eleições livres e transparentes”, escreveu Lira.

Para quem conhece o modus operandi da política brasileira, Jair Bolsonaro será voz isolada na campanha contra o sistema eleitoral, pois qualquer dívida sobre os resultados das eleições vindouras colocaria na berlinda os demais que forem eleitos. Por outro lado, como temos afirmado, não se deve descartar a possibilidade de golpe por parte de Bolsonaro e seus aduladores fardados.

No tocante à afirmação de Rodrigo Pacheco de que o Congresso é o “guardião da democracia”, trata-se de mais um deboche institucionalizado, pois o Parlamento assiste calado aos desmandos do presidente da República e suas seguidas ameaças ao Estado Democrático.

Fosse o Congresso realmente o “guardião da democracia”, pelo menos um processo de impeachment contra Bolsonaro já estaria em marcha. Porém, no balcão de negócios a democracia fica em segundo plano.

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