Alemanha defende embargo gradual ao petróleo russo

 
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, afirmou no domingo (1) que Berlim está pronta para apoiar um embargo gradual ao petróleo russo. Em entrevista à emissora pública alemã ARD, a política do partido Verde destacou que o país está preparado para não depender mais da importação do petróleo russo por anos.

Baerbock afirmou que a mudança de postura do governo alemão se deve ao fechamento de novos contratos de importação e disse que, há algumas semanas, a interrupção imediata da importação de petróleo russo não seria possível. A ministra ressaltou ainda que um embargo deveria permanecer em vigor até a retirada completa de tropas russas da Ucrânia.

Desde o início da guerra na Ucrânia, a participação do petróleo russo na demanda da Alemanha caiu de 35% para 12%. Em comunicado, o Ministério da Economia e Clima alemão informou que a maior economia europeia deve se tornar independente do petróleo russo até setembro. O país, porém, ainda importa 35% do gás natural que necessita da Rússia, e 8% do carvão.

“Todos esses passos que estamos tomando exigem um enorme esforço em conjunto de todos os atores e também significam custos que serão sentidos pela economia e pelos consumidores”, destacou o ministro da Economia alemão, Robert Habeck, no comunicado.

Habeck afirmou ainda que as medidas são necessárias para a independência da Alemanha das commodities russas e para evitar “chantagens” de Moscou.

O Banco Central alemão prevê que o corte completo das importações energéticas da Rússia pode aumentar a inflação no país e prejudicar o crescimento econômico, causando um déficit no PIB deste ano de até 2%.

 
Embargo distante

Apesar do comunicado, o ministro da Economia afirmou nesta segunda-feira que ainda não há um consenso na União Europeia (UE) sobre o boicote ao petróleo russo, por isso, a medida não deve ser implementada em breve. Segundo Habeck, para a Alemanha o embargo seria manejável, mas outros países ainda não estão preparados para suportar tal medida.

Habeck destacou que não é desejável desencadear nenhuma catástrofe econômica. O ministro admitiu ainda que um embargo imediato do petróleo russo não passaria pela Alemanha sem deixar rastros e lembrou a importância da commodity importada da Rússia no abastecimento da região da antiga Alemanha Oriental.

Com o apoio crescente alemão ao embargo do petróleo russo, aumenta-se a pressão sob países europeus que se opõem à medida, como Hungria, Áustria e Eslováquia. A Alemanha era uma das principais nações de bloco que se mostrava reticente em relação a sanções contra Moscou nesta direção.

Nesta segunda-feira, um encontro de ministros de Energia da União Europeia debaterá a suspensão do fornecimento de gás por parte da Rússia à Polônia e à Bulgária. (Com agências internacionais)