(*) Carlos Brickmann
Diz a lei que showmício é proibido. Em 1º de Maio, em frente ao estádio do Pacaembu, reuniram-se as centrais sindicais numa grande manifestação em favor de Lula. A estrela Daniela Mercury se apresentou e puxou os brados pró-Lula. Não deve ter sido showmício, já que showmício é proibido por lei, mas foi parecidíssimo com um. De onde saiu o dinheiro, mais de R$ 100 mil, para pagar a estrela? Da Prefeitura de São Paulo (aliás, o pagamento ainda não saiu, porque está sendo investigado).
O prefeito de São Paulo é petista? Negativo: é tucano de raiz, que foi vice de Bruno Covas. E os tucanos têm candidato à Presidência que não é Lula: é João Doria, da turma de Covas. Tudo bem: o governador Rodrigo Garcia, que assumiu como vice de Doria, faz de conta que nem sabe quem é Doria. E deveria se lembrar: foi Doria que o tirou do DEM e o levou para o PSDB, para ser seu candidato a vice.
Bolsonaro faz campanha contra as urnas eletrônicas e deve saber do que fala: sempre teve seus votos clicados em urnas eletrônicas, elegeu-se e elegeu seus três filhos mais velhos. Levanta suspeita de fraude nas eleições de 2018, que o levaram à Presidência. Será que ele sabe algo de que não sabemos?
Lula declarou que a ONU não é levada a sério. Lula também deve saber das coisas. Pois não é que um comitê da mesma ONU concluiu que ele foi vítima de procuradores parciais e de um juiz parcial na Operação Lava Jato?
Um apelo aos dois principais candidatos à Presidência: contem tudo!
A festa do caqui
O governador do Ceará, Camilo Santana, PT, gastou mais de cem milhões de reais de publicidade por ano, em sete anos e quatro meses de mandato. Foram no total R$ 830 milhões. E – surpresa! – o ano em que mais gastou foi 2017, quando se preparava para disputar a reeleição: R$ 162 milhões. Ou, em valor atual, o equivalente a R$ 301 milhões. Dos municípios cearenses, nenhum tem Índice de Desenvolvimento Humano muito alto; quatro têm IDH alto, 131 IDH médio, 49 IDH baixo e nenhum muito baixo. Mas para ampliar a qualidade de vida deve faltar dinheiro, imagina-se. A Bahia, também governada pelo PT (Rui Costa) gasta um pouco mais que o Ceará: R$ 960 milhões.
O dinheiro não dá para tudo, mas não pode faltar para fazer propaganda dos governadores, claro. Os dois governadores petistas torraram bem mais do que São Paulo: o gasto de publicidade do Governo paulista é de R$ 153 milhões neste ano, quando o governador João Doria (PSDB) está em campanha pela Presidência da República e seu vice, Rodrigo Garcia, é candidato à reeleição. É um gasto recorde no Estado: em 2021, último ano completo de Doria no Governo, a publicidade oficial custou R$ 90,7 milhões. E, cá entre nós, também é muito: um dinheirão que podia ser mais bem usado.
A festa da mexerica
Não faz muito tempo, o presidente Bolsonaro postou no Facebook um quadro em que ele aparece segurando uma caneta Bic. Até aí, tudo bem. Mas “O Globo” descobriu a história por trás do quadro e da publicação no Face.
Transcrevendo o que nos conta o jornal:
“Quem frequenta as redes sociais bolsonaristas identificou os traços e o estilo marcante da obra, característica da artista Lucimary Billhardt. Apoiadora do presidente, ela ganhou notoriedade por quadros que retratam Bolsonaro e seus aliados com referências a símbolos da direita e temas religiosos. Ela já pintou o presidente chorando ao lado de Jesus, com o ex-presidente americano Donald Trump, e até cercado por animais em posição de prece. Também costuma pintar adversários do presidente, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, associado a imagens demoníacas.
“O que não se sabia era o périplo de Billhardt para que o quadro chegasse a Bolsonaro. Após considerar que ficaria caro enviar o presente por conta própria do Rio de Janeiro, onde mora, até Brasília, ela procurou a FAB solicitando o transporte. Foi atendida prontamente.”
No Reino Unido, país bem mais rico que o Brasil, os navios da Marinha de Guerra pertencem, por algum motivo obscuro de um passado longínquo, à Coroa. Hoje, a proprietária das belonaves é a rainha Elizabeth. Mas jamais ocorreria a qualquer cidadão mandar um presente pessoal para Sua Majestade por uma de suas embarcações. É que lá, mesmo sendo a dona da Marinha, a rainha sabe que Força é uma instituição do país.
Aqui, a grande diferença é que o presidente não é dono, mas se comporta como se fosse.
Os números do dia
A pesquisa é encomendada pela empresa financeira XP para oferecer dados aos investidores; e executada pelo Ipespe, instituto tradicional, de boa reputação. Na pesquisa estimulada, em que o nome dos candidatos é citado, Lula tem 44%, Bolsonaro 31%, Ciro 8% e Doria 3%. Margem de erro, 3,2%. No último levantamento, Lula tinha 45% e Bolsonaro 31%. No segundo turno, Lula venceria qualquer adversário. Bolsonaro perderia para Lula (54% a 34%) e Ciro. Com 39%, estaria empatado tecnicamente com Doria (37%).
(*) Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.
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