Apresentado ao eleitorado brasileiro, em 2018, como “Posto Ipiranga”, em alusão ao mote da campanha publicitária da homônima rede de postos de combustíveis, o ministro Paulo Guedes, da Economia, nada fez em prol do País. Desde que chegou à Esplanada dos Ministérios, quando ainda ostentava o status de superministro, Guedes só conseguiu acionar a manivela da catapulta de desculpas para o fracasso da política econômica.
Com o poder sendo esvaziado paulatinamente pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, que afronta o liberalismo econômico defendido durante a eleição, Guedes não se cansa de arrumar justificativas para a desastrada política econômica do governo.
Questionado sobre a falta de aumento real do salário mínimo, Guedes afirmou que trata-se de reflexo da pandemia de Covid-19 e da guerra na Ucrânia.
Nesta segunda-feira (9), o jornal “O Globo” publicou levantamento da consultoria Tullett Prebon Brasil apontando que Bolsonaro é o único chefe do Executivo desde o lançamento do Plano Real, em 1994, a diminuir o poder de compra do brasileiro.
Durante o lançamento do “Monitor de Investimentos” do Ministério da Economia, Paulo Guedes afirmou que o País está “avançando em direção a um futuro de prosperidade”. De acordo com o ministro, se o Brasil estivesse “na outra direção”, “já estaríamos na miséria”.
Na opinião do ministro, o Brasil está recuperando lentamente a capacidade de investimento, porque enquanto deixava para trás os efeitos negativos da pandemia, foi atingido pela guerra, que aumentou preços de alimentos e energia em todo o planeta. A falta de aumento real do salário entra na cota de sacrifício para essa recuperação, alega Guedes, que usa um discurso dissimulado para afrontar o cidadão.
A verdade é que essa geração pagou pela guerra. Nós fizemos sacrifício e ficamos sem aumento de salário, tivemos uma recuperação econômica forte. Não houve aumento de salário real, porque durante uma guerra normal que haja perdas importantes — afirmou durante lançamento da plataforma de investimentos do governo.
De “empregadas na Disney” a “vírus chinês”, passando pelo filho do porteiro que ingressa na faculdade e pela zombaria com a primeira-dama da França, Guedes é um especialista em gafes. Em 15 de março passado, o ministro disse que Brasil está preparado para a Segunda Guerra Mundial, que aconteceu entre 1939 e 1945.
O titular da Economia disse que o Brasil está com déficit fiscal zerado e, por isso, “pronto para outra briga”. “Se vier a segunda guerra mundial, estamos prontos de novo. Vamos expandir de novo, porque estamos com déficit zerado”, afirmou.
Questionado por jornalistas à época, Guedes recorreu ao devaneio para explicar o inexplicável. “Não estou falando de segunda guerra mundial. Deu uma guerra, que foi essa pandemia, guerra sanitária mundial. Agora tem uma segunda, Ucrânia, Rússia… Isso subiu preço de combustíveis, fertilizantes, isso nos atinge”, tentou se explicar. “Quis dizer: se houver essa guerra do petróleo, essa guerra dos grãos, vamos estar preparados para reagir”, completou.
Em suma, há dois meses o discurso era outro, mas diante do fiasco do salário mínimo a parolagem mudou de rumo. É importante que o brasileiro tenha em mente que a tragédia na economia fará eco nas urnas eleitorais de outubro próximo. Por isso Bolsonaro ameaça não reconhecer os resultados das eleições.