O número de mortes de civis nas onze semanas da guerra na Ucrânia supera em milhares a contagem oficial de mortos das Organização das Nações Unidas, afirmou nesta terça-feira (10) a Missão de Monitoramento dos Direitos Humanos da própria ONU.
De acordo com a contagem oficial, o total de civis mortos desde o início da invasão russa à Ucrânia seria de 3.381. A equipe da ONU, que inclui 55 observadores na Ucrânia, afirma que a maioria das mortes foi causada por armas explosivas de impacto amplo, como mísseis provenientes de ataques aéreos.
“Nós trabalhamos com estimativas, mas tudo o que posso dizer por hora é que [a contagem de mortes] é milhares de vezes maior do que os números que fornecemos atualmente”, explicou Matilda Bogner, chefe da comissão que investiga a situação dos direitos humanos na Ucrânia desde 2014.
“O grande buraco negro é realmente Mariupol, onde tem sido difícil obtermos acesso total e informações totalmente corroboradas”, acrescentou. A cidade sitiada no sudeste ucraniano, que passou semanas sob um cerco brutal imposto pelas tropas russas, sofreu alguns dos ataques mais devastadores da guerra de agressão ordenada por Moscou.
Denúncias contra ambos os lados
Bogner esteve na Ucrânia no início de maio, onde visitou áreas ao redor de Kiev e Tchernihiv, que chegou a ser ocupada por forças russas. Sua equipe, que relatou pelo menos 300 homicídios em localidades ao norte da capital ucraniana, incluindo o subúrbio de Butcha, disse que a contagem de mortes deve aumentar.
A chefe da comissão investigativa expressou preocupação com o fato de ambos os lados no conflito utilizarem escolas como bases militares, em alguns casos, com equipamentos de artilharia pesada.
Sua equipe investiga também o que ela descreveu como “alegações críveis” de tortura, maus tratos e execuções supostamente realizadas por forças ucranianas contra soldados russos e grupos afiliados. As violações por parte dos ucranianos vêm sendo documentadas, ainda que a escala das denúncias contra as forças russas seja significativamente maior, afirmou Matilda Bogner. (Com agências internacionais)