Bolsonaro defende o uso de armas para garantir a democracia (sic), após falar em “eleições conturbadas”

(Evaristo Sá – AFP)

 
Um dia após ter afirmado, diante centenas de empresários do setor de alimentos, que as eleições de outubro poderão ser “conturbadas”, o presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu, nesta terça-feira (17), o uso de armas de fogo para garantir a democracia no País.

“A arma de fogo, além de segurança para as famílias, é segurança para nossa soberania nacional e a garantia de que a nossa democracia será preservada. Não interessa os meios que um dia porventura tenhamos que usar. Nossa democracia e nossa liberdade são inegociáveis”, afirmou.

A declaração golpista foi feita durante inauguração de trechos da BR-101/SE, em Propriá (SE), e no momento em que Bolsonaro, pré-candidato à reeleição, aumenta os ataques ao processo eleitoral e às autoridades do Judiciário.

Em Sergipe, onde repetiu a frase “o Nordeste é nosso”, Bolsonaro fez elogios ao senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), presente na cerimônia, chamando-o de “grande aliado no Parlamento”. O Nordeste é a região em que a diferença em favor do seu principal adversário na corrida eleitoral, o ex-presidente Lula, é maior.

Durante o evento, Bolsonaro fez novo aceno aos profissionais da segurança pública, que pressionam por reestruturação das carreiras prometida pelo governo. “Lamentamos o poder aquisitivo dos servidores públicos, mas tenho certeza que brevemente isso será recuperado. Em especial nossa Polícia Rodoviária Federal, que está nos acompanhando neste momento”, afirmou.

 
O presidente da República reconheceu a perda do poder aquisitivo da população de um modo geral, mas defendeu a atuação do governo na política para fertilizantes.

“Garantimos fertilizante a vocês fazendo contato com o governo da Rússia. Na semana passada, 26 navios aportaram aqui com fertilizantes, suficiente para a safra deste ano”, disse.

Bolsonaro é movido pela delinquência intelectual e está preocupado apenas com seu projeto de reeleição e com a possibilidade de instalar o caos no País caso saia derrotado das urnas, o que por enquanto é confirmado pelas pesquisas de opinião. Lamentar o poder aquisito dos servidores sem ao menos fazer firme menção aos brasileiros que sofrem com uma política econômica desastrada é prova maior do projeto golpista que brota do Palácio do Planalto.

O chefe do Executivo federal encerrou seu discurso com o lema “Deus, Pátria, Família e Liberdade”. “Deus, Pátria e Família” era a frase-síntese da Ação Integralista Brasileira, movimento de inspiração fascista fundado no Brasil por Plínio Salgado, em 1932.

Beira a bazófia alguém que defende o uso de armas pela população civil para “defender a democracia” (sic) e garantir a soberania nacional – ameaça que mira a vinda de observadores internacionais para as eleições – falar em nome de Deus.

É importante lembrar que a ditadura bolivariana que devastou a vizinha Venezuela começou da mesma maneira. Faz-se necessário redobrar a atenção no âmbito das investidas golpistas de Bolsonaro, que a cada dia surge em cena com uma nova ameaça.