O presidente francês, Emmanuel Macron, nomeou nesta segunda-feira (16) Elisabeth Borne como a nova primeira-ministra da França. Ela é a segunda mulher a ocupar o cargo e a primeira a chefiar o governo francês desde 1992.
Borne substitui Jean Castex, que entregou o cargo e abriu caminho para uma revisão do gabinete após a reeleição de Macron em abril.
Ela tentará deixar uma marca melhor do que a primeira primeira-ministra francesa, Edith Cresson, que durou menos de um ano sob o presidente François Mitterrand e se demitiu em meio a um escândalo de corrupção.
Na cerimônia de transição do cargo, Castex recebeu Borne com um sorriso, mas advertiu: “O cargo não está isento de exposição pública e crítica, querida Elisabeth, e as pessoas até dizem que foi para isso que ele foi criado”, referindo-se ao que os franceses muitas vezes chamam de “trabalho do inferno” – trabalhar duro para implementar planos em nome de um presidente que domina a cena.
Expectativa elevada de Macron
Macron espera que o perfil de Borne possa ajudá-lo a convencer eleitores de esquerda que apoiaram Jean-Luc Melénchon no primeiro turno das eleições presidenciais em abril, e ao mesmo não afastar os eleitores de direita de Marine Le Pen. Sua primeira tarefa será conduzir o grupo centrista de Macron pelas próximas eleições parlamentares.
Apesar de ser historicamente próxima do Partido Socialista, Borne demonstrou lealdade ao presidente durante seu primeiro mandato, quando serviu como ministra dos Transportes, do Meio Ambiente e, ao final, do Trabalho a partir de 2020. Sob sua gestão, o desemprego caiu para o nível mais baixo em 15 anos e o desemprego juvenil para o nível mais baixo em 40 anos.
Melénchon critica seu histórico
Entretanto, como ministra do Trabalho ela também supervisionou as negociações com os sindicatos que resultaram em cortes no seguro-desemprego para algumas pessoas à procura de emprego e na redução dos pagamentos mensais para algumas pessoas desempregadas.
Essas habilidades de negociação poderão ser úteis no segundo mandato de Macron, quando ela será encarregada de fazer avançar o impopular plano de aumentar a idade da aposentadoria de 62 para 65 anos. Macron planejava fazer isso em seu primeiro mandato, mas teve que adiar a tentativa em meio a greves e protestos generalizados e, depois, quando a pandemia transformou os últimos anos de seu primeiro governo em um exercício de limitação de danos.
Melénchon foi rápido em criticar a nomeação de Borne, referindo-se a ela como “minha antecessora”, mostrando confiar que ele será capaz de ocupar o cargo de primeiro-ministro após as eleições parlamentares em meados de junho – nas quais Melenchon estará à frente de uma superaliança de esquerda.
“Borne: redução dos subsídios para um milhão de desempregados, abolição dos preços regulados do gás, adiamento do fim da energia nuclear por 10 anos, abertura à concorrência da SNCF e da RATP [empresas públicas ferroviárias]. Grande apoiadora da aposentadoria aos 65 anos. Avançando para uma nova temporada de abusos sociais”, escreveu Melénchon, listando o que ele considera como sendo algumas das principais realizações de Borne na política até o momento.
Macron também prometeu que a nova primeira-ministra estaria diretamente encarregada do “planejamento verde”, com o objetivo de acelerar a implementação de políticas relacionadas ao clima na França. (Com agências internacionais)