Bolsonaro pressiona e Ministério de Minas e Energia anuncia a demissão do presidente da Petrobras

 
O Ministério de Minas e Energia anunciou na noite desta segunda-feira (23) a demissão de José Mauro Ferreira Coelho, presidente da Petrobras. Há 40 dias no cargo, Ferreira Coelho é o terceiro presidente da petrolífera a ser demitido desde o início do governo de Jair Bolsonaro. Seus antecessores, Roberto Castello Branco e Joaquim Silva e Luna, foram dispensados porque Bolsonaro não concorda com a política de preços da empresa.

O governo indicou Caio Mário Paes de Andrade, auxiliar do ministro Paulo Guedes no Ministério da Economia, para comandar a maior empresa brasileira.

A indicação de Paes de Andrade, que ocupava o cargo de secretário de Desburocratização, precisa ser aprovada pelo Conselho de Administração da Petrobras, no qual o governo tem maioria por deter 50,30% das ações com direito a voto.

Os três demitidos foram vítimas da elevação do preço dos combustíveis, que tem como baliza a paridade com o mercado internacional de petróleo.

Ciente de que seu projeto de reeleição esfarela na esteira da escalada da inflação, Bolsonaro cobrou dos três ex-presidentes da empresa contenção dos preços dos combustíveis.

 
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Bolsonaro pode fazer quantas mudanças desejar no comando da Petrobras, pois de acordo com dados de abril passado, quando consideradas todas as ações da empresa, o governo tem 28,7% de participação acionária. O BNDES e o BNDESpar juntos têm 7,9%. Isso significa que 63,40% das ações da Petrobras estão nas mãos de investidores privados (nacionais e estrangeiros), que devem ter seus direitos respeitados.

Mesmo assim, o governo aposte no discurso embusteiro de privatização da Petrobras, desconsiderando que quase dois terços da companhia estão nas mãos do capital privado.

Em abril, Paes de Andrade chegou a ser cotado para presidir a empresa, após o economista Adriano Pires recusar convite para ocupar o cargo. Na ocasião, o governo buscava um sucessor para Joaquim Silva e Luna.

De acordo com nota divulgada pelo Ministério de Minas e Energia, Caio Paes de Andrade é formado em Comunicação Social pela Universidade Paulista (UNIP), pós-graduado em Administração e Gestão pela Harvard University e mestre em Administração de Empresas pela Duke University.

“Portanto, o indicado reúne todos as qualificações para liderar a Companhia a superar os desafios que a presente conjuntura impõe, incrementando o seu capital reputacional, promovendo o contínuo aprimoramento administrativo e o crescente desempenho da Empresa, sem descuidar das responsabilidades de governança, ambiental e, especialmente, social da Petrobras”, destaca o texto.

Considerando as especializações expostas na nota, Andrade não terá muita dificuldade para concluir que a Petrobras não tem como cumprir as bizarras ordens de Bolsonaro, que em todas as pesquisas de opinião aparece em segundo lugar na corrida presidencial, tanto no primeiro turno quanto no segundo.

Como afirmou o UCHO.INFO em diversas matérias publicadas anteriormente, o maior adversário de Bolsonaro na eleição não é o ex-presidente Lula, mas a desastrada política econômica do governo, que não reconhece o caos patrocinado por Paulo Guedes, acostumado a terceirizar a responsabilidade pela própria incompetência.