Reduto de soberba e cizânia, PSDB retoma a queda de braços e o impasse a três meses das eleições

 

 
Partido político de reconhecida relevância após a retomada da democracia, o PSDB tornou-se uma legenda medíocre e sui generis que flerta com um fim melancólico, como afirmamos anteriormente.

Depois de implodir a pré-candidatura de João Dória Júnior, ex-governador de São Paulo, à Presidência da República, a cúpula tucana retomou a queda de braços interna. Até dias antes da desistência de Dória, o PSDB defendia uma candidatura da chamada “terceira via”, algo que começa a se materializar a partir da senadora Simone Tebet (MDB-MS).

Os tucanos, naquele momento, não descartavam a possibilidade de integrar uma possível chapa liderada por Tebet indicando o candidato a vice. Há algumas semanas, o ex-governador Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, admitia fazer dupla com Simone Tebet, mas agora está focado em eventual retorno ao Palácio Piratini, sede do Executivo gaúcho. É importante lembrar que Leite foi usado por uma ala do tucanato para barrar as intenções de Dória.

Agora, com João Dória fora da disputa, o PSDB volta a criar dificuldades. Enquanto parte da legenda defende a tese da terceira via, o deputado federal Aécio Neves (MG) trabalha para que o partido tenha candidatura própria.

Como o PSDB não tem um nome capaz de levar multidões às urnas, a manobra de Aécio interessa ao presidente Jair Bolsonaro, com quem o parlamentar mineiro tem estranha relação. Para quem pegou carona na trajetória do avô, o democrata Tancredo Neves, para ingressar na política, Aécio Neves é o que se pode chamar de personificação da bizarrice.

 
Partidos políticos são dependentes do fundo partidário, que é calculado a partir do tamanho da bancada na Câmara dos Deputados e considerado o número de parlamentares no início da legislatura. Isso significa que ao PSDB é muito mais vantajoso, como garantia de sobrevivência, investir em campanhas de candidatos a deputado federal do que despejar fortuna em uma candidatura própria à Presidência. Ou seja, financeiramente a tese defendida por Aécio Neves é um “harakiri” político.

Diante do impasse, o PSDB tenta vender caro o apoio a Simone Tebet, exigindo do MDB reciprocidade em Mato Grosso, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, o presidente dos tucanos, Bruno Araújo, afirmou: “Esses três Estados são fundamentais para avançarmos nessa construção. Só vai ter sentido formalizarmos a reunião da executiva quando essa construção política e programática estiver consolidada”.

O nome do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) foi sugerido como possível candidato a vice na chapa de Simone Tebet, mas o parlamentar cearense já descartou tal hipótese indicou Eduardo Leite para a vaga. Leite renunciou ao governo gaúcho na esperança de ser candidato à Presidência, mas agora pretende voltar ao Palácio Piratini, como mencionado.

Absolutamente necessária, a política é complexa e torna-se ainda mais difícil em períodos eleitorais, mas o cenário descrito acima mostra que o PSDB se perdeu ao longo do tempo, processo que teve início em 2002, quando foi derrotado pelo PT na corrida presidencial.

O PSDB é um partido de empertigados que tratam a política com elitismo nauseante e “punhos de renda”, como se vivessem na corte de Maria Antonieta, que conseguiu a proeza de conquistar o desprezo da nobreza, dos burgueses e do povo da França do século 18. Foi julgada e condenada à morte na guilhotina, o que se deu em 16 de outubro de 1793. É de Maria Antonieta a célebre frase que serve como luva ao PSDB: “Se não tem pão, que comam brioches”.