O presidente Jair Bolsonaro insiste em dar ares democráticos ao seu discurso golpista, que há muito passou dos limites. Nesta terça-feira (31), em visita à cidade goiana de Jataí, afirmou que “alguns” tentam mudar o regime democrático brasileiro. Ele voltou a defender o armamento da população, fez críticas aos ministros do Supremo Tribunal federal (STF) e cobrou eleições auditáveis, algo que há muito é possível com o boletim de votação de cada urna eletrônica.
“Somos um povo livre e tudo faremos para que o povo continue livre, apesar da tentativa de alguns para mudar nosso regime. Nosso regime é o democrático. Vou para o lado que vocês assim apontarem”, disse o populista com vocação para ditador.
Desde a fatídica reunião ministerial de 21 de abril de 2020, Bolsonaro tem recorrido ao armamento da população como forma de o “cidadão de bem” defender a democracia e a nação. O presidente aposta em um revide da população caso os resultados das eleições lhe sejam desfavoráveis. Essa tese golpista voltou a ganhar força depois que surgiu a informação de que os generais palacianos poderiam recorrer ao “golpe do golpe” caso o chefe do Executivo decida radicalizar.
Em referência aos ministros do STF, sem citá-los nominalmente, o presidente repetiu que “poucas pessoas mandam muito no Brasil, mas nenhuma delas manda em tudo”.
“Vou dizer a todos vocês que eleições limpas, democráticas e auditáveis são a garantia da nossa democracia”, disse Bolsonaro, que aproveitou a ocasião para criticar a eventual aprovação do marco temporal pelo Supremo.
A revisão do marco temporal está parada no STF e, caso aprovada, poderá ampliar o número de terras indígenas demarcadas no País. Atualmente, o entendimento legal é de que povos indígenas só podem requerer demarcação de terras se a comprovarem ocupação do território pleiteado antes da promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988.
Como afirmou o UCHO.INFO na campanha de 2018, uma eventual vitória de Bolsonaro nas urnas abriria caminho para o desrespeito ao meio ambiente, o que agrada o agronegócio, e o avanço da mineração ilegal. Passados quatro anos, nossa previsão infelizmente se confirma.
Se há no Brasil alguém que não desiste de atentar contra o regime democrático, esse certamente é Jair Messias Bolsonaro, o golpista que chafurda no cocho da delinquência intelectual e se esconde debaixo de um discurso de falso respeito à Constituição.