Na esteira da crise, em plena terça-feira, Bolsonaro participa de “motociata” em Goiás sem capacete

 
Genivaldo de Jesus Santos, 38 anos, foi morto por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em uma câmara de gás lacrimogêneo, o que provoca asfixia, após ser abordado pelos agentes por dirigir uma motocicleta sem usar capacete. Durante a abordagem, na cidade sergipana de Umbaúba, os policiais foram informados que o homem tratava de esquizofrenia e medicamentos foram encontrados em seu bolso, mas nada disso serviu para impedir a barbárie.

Como afirmamos em matéria anterior, as leis de trânsito devem ser cumpridas por todos os cidadãos, que estão sujeitos a multas em caso de infrações. Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 5º (caput) que “todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza”, mas, como destacou o escritor inglês George Orwell na obra “A Revolução dos Bichos” – ou “Triunfo dos Porcos” –, “todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros”.

Sempre pronto para acionar a matraca golpista, o presidente Jair Bolsonaro não se cansa de defender o respeito à Constituição e às leis vigentes no País, mas ele é o primeiro a atropelar o conjunto legal brasileiro, acreditando estar acima de tudo e de todos. Em outras palavras, o presidente é a fulanização da adulteração do sétimo mandamento do animalismo, citado por Orwell em seu romance satírico.

Como se o Brasil não tivesse problemas a serem resolvidos com máxima urgência, Bolsonaro mais uma vez se entregou à vagabundagem financiada com o suado dinheiro do contribuinte e participou de uma “motociata” na cidade de Jataí, em Goiás.

 
Puxando a fila de motociclistas, que tudo indica estão com a vida ganha, Bolsonaro pilotava a motocicleta sem usar capacete, assim como o sabujo deputado federal Vitor Hugo (PL-GO), que ia na garupa. O presidente e o parlamentar acenavam insistentemente para a população local, que por certo também deve estar com os cofres abarrotados de dinheiro. Até porque, em plena crise econômica, com a inflação, a fome e o desemprego nas alturas, interromper as atividades diárias para adular golpista é atitude de quem não enfrenta problemas financeiros e a carestia do cotidiano.

Por outro lado, a Polícia Rodoviária Federal, a mesma que matou Genivaldo de Jesus por não usar capacete enquanto dirigia sua motocicleta, não tem coragem de abordar o presidente da República por causa de infração idêntica. Talvez a PRF, na expectativa de ainda ser contemplada com o prometido aumento salarial, age de forma conivente diante das transgressões cometidas pelo candidato a ditador.

O Brasil, que sempre foi o país do malfadado “jeitinho”, se transformou em nação sui generis depois da chegada de Bolsonaro ao Palácio do Planalto. Instalado no País em nome de um golpe para o qual alertamos em 2018, “vale tudo” bolsonarista precisa ser contido enquanto é tempo. (Fotos: Facebook – Jair Messias Bolsonaro)