Lula erra em termos eleitorais ao atacar o PSDB, que perdeu relevância e está na fase dos estertores

 
Há dias, o editor do UCHO.INFO ouviu de um destacado político que se o ex-presidente Lula não cometer erros durante a campanha presidencial, seu retorno ao Palácio do Planalto é quase certo. Outro interlocutor disse que o problema maior é evitar que o petista cometa erros.

Disse o ex-governador Magalhães Pinto, de Minas Gerais: “Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito, olha de novo e ela já mudou”. Com impressionante precisão, a frase traduz a realidade política, ou seja, o que hoje é dado como certo, amanhã pode mudar. Transportando esse conceito para o momento eleitoral, vale resgatar o ditado popular “cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém”;

Desconhecemos se o ex-presidente é amante de canja, mas em relação à cautela o petista deveria repetir a dose. No momento em que as pesquisas apontam para sua eventual vitória no primeiro turno da corrida presidencial, atacar o PSDB não é a atitude mais acertada.

“Política é a arte do possível”, como profetizou o poeta italiano Cesare Pavese, é buscar o equilíbrio e o consenso a partir de forças opostas. Em que pese o fato de o PSDB ter feito oposição aos governos petistas, o que fez com estrondosa incompetência, atirar contra o tucanato não combina com a trajetória de Lula, que afirmou estar o PSDB acabado como partido.

O UCHO.INFO publicou, semanas atrás, matéria afirmando ser melancólico o fim do PSDB, partido que se descaracterizou ao longo do tempo e migrou da socialdemocracia para as franjas da direita verde-loura.

 
Experimentando o acirramento de uma cizânia que vem desde os tempos da fundação da legenda, o PSDB está em cima do muro em relação à sucessão presidencial. Enquanto alguns tucanos defendem apoio à senadora emedebista Simone Tebet (MS), outros insistem em candidato próprio. Esse último grupo é liderado pelo deputado federal Aécio Neves (MG), que por razões desconhecidas trabalha para favorecer Jair Bolsonaro, apesar de não admitir publicamente tal fato.

No caso de optar pelo ressurgimento das cinzas, o que depende de recursos, o PSD deve sepultar a ideia de candidato próprio e investir na eleição de maior número possível de deputados federais, o que de base de cálculo para o fundo partidário.

Muito tem se falado sobre a sonhada “terceira via”, mas com a polarização da disputa presidencial m cada vez mais evidente, é difícil acreditar no crescimento de uma candidatura que saia do eixo Lula-Bolsonaro.

De tal modo, se a eleição para presidente da República não for decidida no primeiro turno e Lula termina essa etapa na dianteira, todo apoio é bem-vindo, inclusive dos tucanos.

Considerando que os integrantes do PSDB usam “punhos de renda” e são cheios de dengos, o melhor é não aniquilar a autoestima do tucanato, mesmo que o partido esteja ao pé da sepultura. Lula não precisa vociferar o óbvio, cuja constatação fica por conta do eleitor.