No Paraná, Bolsonaro participa de “motociata” sem usar capacete e eleva o tom das ameaças às eleições

 
Durante a campanha presidencial de 2018, afirmamos que se o então candidato Jair Bolsonaro fosse eleito a possibilidade de golpe seria real e crescente. Na ocasião, muitos integrantes da horda Bolsonaro nos dedicaram ataques sórdidos e ofensas chulas, mas o tempo mais uma vez mostrou-se senhor da razão.

O golpe engendrado por Bolsonaro vem acontecendo desde e posse, a conta-gotas, sem que a opinião pública percebesse o cenário de perigo e ameaças que se instalou no País. Ao ser empossado na Presidência da República, Bolsonaro prometeu respeitar a Constituição Federal, por ele desrespeitada diuturnamente.

Que Bolsonaro é um golpista nato e adorador de torturadores todo brasileiro coerente já percebeu, mas silenciar diante da escalada de ameaças é ser conivente com o caos e o retrocesso. É preciso que a sociedade reaja aos seguidos rompantes totalitaristas de Jair Bolsonaro.

Nesta sexta-feira (3), em mais um ilegal evento de campanha, o presidente foi a Umuarama, no interior do Paraná, para participar da cerimonia de entrega de trecho da rodovia BR-487, conhecida como Estrada Boiadeira.

Durante o evento, Bolsonaro voltou a adotar o discurso do medo, repetiu ameaças às eleições de outubro, disse que ir à guerra contra inimigos internos e distorceu fatos sobre casos de corrupção em seu governo.

Ciente de que a crise econômica continua derretendo seu projeto de reeleição, Bolsonaro responsabilizou a pandemia do novo coronavírus, o enfrentamento à Covid-19 e a guerra na Ucrânia pela disparada dos preços dos alimentos e dos combustíveis. Na verdade, o presidente resiste a reconhecer que a política econômica do governo é um desastre.

Sempre pronto para acionar a manivela do coitadismo, o chefe do Executivo voltou a falar em inimigos internos, como ele próprio não fosse seu maior adversário.

“A realidade é bastante dura para todos nós. Como se não bastassem esses problemas, nós todos aqui, e não apenas eu, temos problemas internos no Brasil. Hoje não mais os ladrões de dinheiro do passado, surgiu uma nova classe de ladrão, que são aqueles que querem roubar a nossa liberdade”, disse o presidente.

 
Bolsonaro se elegeu na esteira dos escândalos de corrupção protagonizados nas gestões petistas, mas prefere ignorar a roubalheira que vem ocorrendo no próprio governo, como se seus assessores e apaniguados representassem uma ode à moralidade pública. Quem emprega funcionários fantasmas e recolhe parte dos salários dos assessores não tem moral para criticar adversários.

Na sequência, pediu aos aduladores mais interesse em relação ao tema e afirmou que, “se precisar, iremos à guerra”. Disse também que todos devem ter compromisso com o Brasil e não só os militares, que juraram defender o País. Ou seja, Bolsonaro prepara o terreno para uma rebelião caso seja derrotado nas urnas, algo que as pesquisas eleitorais mostram como possível.

“Todos nós temos que nos informar e se preparar porque não podemos deixar que o Brasil siga o caminho de alguns outros países aqui na América do Sul”, disse Bolsonaro, citando Venezuela, Argentina e Chile.

O presidente não tem estofo moral para criticar países vizinhos, pois o que ele vem fazendo no Brasil se assemelha ao plano golpista arquitetado pelo finado bolivariano Hugo Chávez e levado adiante por Nicolás Maduro. O que Bolsonaro vem fazendo é o mesmo que tem feito o tiranete Maduro na Venezuela, apenas com o sinal ideológico trocado. Em suma, ambos são golpistas.

Suspeito na garupa

Como de costume, após o evento, Bolsonaro participou de uma “motociata” em Umuarama, e não se preocupou em usar capacete enquanto dirigia a motocicleta, o que configura infração de trânsito com direito à apreensão do veículo. Não por acaso, a Polícia Rodoviária Federal (PTF), a mesma que assassinou Genivaldo de Jesus Santos, em Umbaúba (SE), não teve coragem de abordar o presidente da República.

Durante o passeio de moto, Bolsonaro levou na garupa o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), de Maringá, líder do governo na Câmara e figura conhecida em escândalos de corrupção. Em 2011, Barros esteve envolvido em escândalo de corrupção em licitação de publicidade da prefeitura de Maringá.

De acordo com denúncia do Ministério Público paranaense, em 2015, Barros teria orientado o secretário municipal de saneamento de Maringá, Leopoldo Fiewski, a fazer um “acordo” entre duas agências de comunicação que disputavam licitação, um negócio de R$ 7,5 milhões. O prefeito na época era Silvio Barros (PP), irmão de Ricardo.

Ministro da Saúde no governo do ex-presidente Michel Temer, Barros esteve na proa do escândalo envolvendo a compra de L-asparaginase, medicamento utilizado no tratamento de leucemia linfoblástica aguda. A compra só não aconteceu porque o UCHO.INFO revelou com absoluta exclusividade o esquema criminoso. Fomos alvos de ameaças e xingamentos, mas resistimos às investidas dos corruptos.

Defensor da tese de imunidade de rebanho como estratégia de combate à pandemia de Covid-19, Ricardo Barros foi o pivô do escândalo da compra da vacina indiana Covaxin contra o novo coronavírus.

Para concluir, enfrentar a delinquência intelectual de candidatos a ditador não é tarefa fácil, mas é preciso conter o golpista-mor e seus larápios de plantão enquanto é tempo.