Desesperado, Bolsonaro delira ao dizer que Moraes descumpriu acordo após 7 de Setembro; Temer nega

 
Preocupado com as pesquisas eleitorais e com a possibilidade de “tropeçar” no primeiro turno da corrida presidencial, Jair Bolsonaro começa a recorrer ao jogo sujo, talvez o que de melhor sabe fazer. Aliás, a sua trajetória na caserna não deixa dúvida a respeito.

Nesta terça-feira (7), em entrevista ao SBT News, canal bolsonarista que reza pela cartilha do candidato a ditador, Bolsonaro disse que teria feito um acerto com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para assinar a carta à nação após os atos golpistas do Sete de Setembro, mas que o magistrado não teria cumprido sua parte.

Por ocasião da divulgação da citada carta, que surpreendeu pelo tom moderado, surgiu a informação de que um acordo havia sido selado com Moraes, mas o UCHO.INFO se apressou em afirmar que tratava-se de mais um boato sórdido e rasteiro do bolsonarismo.

Na entrevista, Bolsonaro não disse o que teria sido acordado com o ministro do STF, mas explicou que envolviam questões para diminuir a pressão sobre seus aliados políticos.

“Estava eu, Michel Temer, um telefone celular na minha frente. Ligamos pro Alexandre de Moraes, conversamos três vezes com ele. Combinamos certas coisas pra assinar aquela carta. Ele não cumpriu nenhum dos itens que combinei com ele”, afirmou Bolsonaro.

“Logicamente, eu não gravei essa conversa, questão de ética, jamais faria isso. Mas digo pra você, o senhor Alexandre de Moraes não cumpriu uma só das coisas que acertamos naquele momento pra eu assinar a carta”, completou.

“Não vou te falar [o que foi combinado]. A carta está pública, nós combinamos ali outras questões pra exatamente diminuir a pressão sobre essa perseguição que ele faz até hoje em cima de pessoas que me apoiam”, disse.

 
Ouvir Jair Bolsonaro falar de ética causa engulho, pois quem arrecada parte dos salários de servidores de gabinete e nomeia assessores fantasmas desconhece o significado de tal palavra [ética].

Em nota divulgada após a entrevista, o ex-presidente Michel Temer (MDB) negou que houvesse um acordo. “As conversas se desenvolveram em alto nível como cabia a uma pauta de defesa da democracia. Não houve condicionantes e nem deveria haver pois tratávamos ali de fazer um gesto conjunto de boa vontade e grandeza entre dois Poderes do Estado brasileiro”, disse.

Golpista e adorador de torturadores, como é o caso do facínora Carlos Alberto Brilhante Ustra, já falecido, Bolsonaro precisa criar factoides para manter unida a horda de apoiadores e aumentar os ataques ao STF e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Acusar sem provas é especialidade de Bolsonaro, assim como dos sequazes que o cercam. Contudo, por conta de sua pífia trajetória como político e principalmente com base nos últimos quarenta meses, o presidente não deveria imaginar que suas declarações merecem alguma dose de crédito.

Ciente de que o registro de sua candidatura à reeleição poderá ser cassado caso insista em divulgar informações falsas sobre o processo eleitoral, a exemplo do que aconteceu com o novamente deputado cassado Fernando Francischini, o chefe do Executivo tenta desqualificar o ministro Alexandre de Moraes, que assumirá a presidência do TSE em agosto próximo.

Moraes afirmou algumas vezes que todo candidato que disseminar notícias falsas sobre o processo eleitoral terá a candidatura cassada. No contraponto, Bolsonaro disse há dias que ninguém tem coragem de cassar sua candidatura. O presidente da República precisa de um novo mandato para evitar ser preso na esteira dos muitos processos que surgirão caso não seja reeleito.


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