Medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do Brasil recuou para 0,47% em maio, informou nesta quinta-feira (9) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). A desaceleração aconteceu após três meses de altas superiores a 1% —avanços de 1,01% em fevereiro, 1,62% em março e 1,06% em abril.
O resultado de maio ficou abaixo das expectativas do mercado financeiro, que projetava inflação de 0,59%. Apesar do recuo, o IPCA acumulado de doze meses até maio é de 11,73%.
Independentemente da desaceleração do IPCA em maio, já são nove meses seguidos com inflação anual acima dos dois dígitos. A inflação acumulada em doze meses é a maior para maio desde 2003, quando ficou em 17,24%
Mesmo em patamar abaixo de 12% no acumulado de doze meses, o IPCA representa mais de duas vezes o teto da meta oficial para a inflação em 2022, que é de 3,5%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
O resultado do IPCA de maio foi influenciado principalmente pela queda no custo da energia elétrica e pela desaceleração dos preços dos alimentos. Há uma diferença considerável entre a inflação oficial e a que os brasileiros enfrentam no cotidiano.
Creditar o recuo do IPCA à contenção dos preços dos alimentos é não querer enxergar a realidade. Não é novidade que a população, em sua ampla maioria, mudou os hábitos de consumo, substituindo produtos e marcas. Além disso, o brasileiro passou a consumir menos, o que explica a enxurrada de promoções feitas por supermercados, ávidos por retomar o volume de vendas.
Ainda ministro da Economia, Paulo Guedes insiste em não aceitar o óbvio ao afirmar de forma quase efusiva que a inflação começou a desacelerar. “A inflação começou a descer, acabamos de ter a primeira notícia”, disse, nesta quinta-feira, no Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento, promovido pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
Enquanto Paulo Guedes, também conhecido pela alcunha da “Posto Ipiranga”, expõe ao País sua miopia econômica, os preços dos produtos da cesta básica registraram em doze meses alta superior a 67%.
No contraponto, o salário mínimo, reajustado com base na inflação oficial, vale R$ 1.212,00, muito menos do que a remuneração ideal, calculada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que em maio deveria ser de R$ 6.535,40.
Considerando que há no País 33 milhões de pessoas enfrentando insegurança alimentar, ou seja, passando fome, qualquer manifestação do governo de Jair Bolsonaro sobre o anunciado recuo do IPCA é no mínimo um deboche oficial.
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