Governo deve ser responsabilizado pelo assassinato de Bruno e Dom Phillips e pela devastação da Amazônia

 
Ao longo da corrida presidencial de 2018, o UCHO.INFO afirmou um eventual governo de Jair Bolsonaro seria marcado por escândalos envolvendo o setor de mineração, em especial a atividade ilegal, e o agronegócio seria recompensado de alguma maneira, pois somente os incautos acreditaram que o apoio dos representantes se restringiu a declarações e “tapinhas nas costas”. Até porque, nenhuma campanha presidencial custa o que Bolsonaro declarou à Justiça Eleitoral.

A atuação do crime organizado na Amazônia brasileira, em especial no Vale do Javari, onde foram assassinados o indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, faz parte de um plano para liquidar as áreas de mata protegidas. Isso explica a presença na região de invasores de terras, madeireiros, garimpeiros e outros criminoso que agem deliberadamente no bioma amazônico.

Devastadas e ocupadas ilegalmente por grileiros profissionais, áreas de floresta em pouco tempo se transformam em pastos e terras agriculturáveis. O discurso das lideranças do agronegócio de que ao setor não interessa a devastação ambiental é mera balela, pois em algum momento, na maioria das vezes por vias transversas, essas terras acabam servido ao segmento, que finge adotar práticas de controle e monitoramento.

Esse cenário de “faz de conta” corrobora o discurso do então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que na fatídica reunião ministerial de 21 de abril de 2020 disse que era preciso aproveitar a preocupação da imprensa nacional com a pandemia para “passar a boiada”.

 
Com o desmonte dos órgãos de fiscalização, como Ibama, ICMBio e Fundação Nacional do Índio (Funai) e outros, e o contingenciamento de verbas a ação dos criminosos avançou de maneira veloz, com o governo fingindo que nada acontece na seara ambiental. Tanto é assim, que o presidente Jair Bolsonaro ousou afirmar em várias ocasiões que a Floresta Amazônica está intacta, como em 1500, quando o português Pedro Álvares Cabral aportou suas naus na antiga Pindorama.

A triste realidade da Amazônia veio à tona com a morte de Bruno Pereira e Dom Phillips, piorando sobremaneira a imagem do Brasil na comunidade internacional. É preciso que a sociedade reaja com urgência e responsabilidade, pois é inaceitável que o meio ambiente seja destruído na esteira de um discurso torpe como o de Bolsonaro. Afinal, Bruno e Dom morreram em defesa daquilo que o presidente da República insiste em destruir em nome de um mentiroso progresso.

Não é demais lembrar que o atual ministro-chefe da Secretaria de Segurança Institucional da Presidência, Augusto Heleno, o golpista enrustido, esteve à frente do Comando Militar da Amazônia por muitos anos. Em outras palavras, não é por falta de informações que o governo deixa de agir na região, que está sob o comando do crime organizado.

A não demarcação de terras indígenas, como defende o chefe do Executivo, é um crime de “lesa humanidade”, já que o clima do planeta depende da preservação da Amazônia, goste ou não o governo. O discurso de Bolsonaro de que a soberania brasileira é ameaçada quando líderes internacionais defendem a preservação da Amazônia foi pelos ares com os crimes cometidos no Vale do Javari.


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