Com o impasse criado na seara dos preços dos combustíveis, a repercussão das mortes do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, a inflação em alta e a prisão do ex-ministro Milton Ribeiro e os “pastores espertalhões do MEC”, o presidente Jair Bolsonaro certamente reforçará os ataques ao sistema eleitoral, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Essa cantilena bandoleira será reverberada pela súcia de apoiadores do presidente, que insiste no discurso golpista.
Até antes da prisão de Milton Ribeiro e seus pastores comparsas no esquema de liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento Econômico (FNDE), o presidente da República havia ampliado a artilharia contra a democracia, colocando na linha de frente o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, e o ministro da Justiça, Anderson Torres.
General da reserva, Paulo Sérgio Oliveira encampou o discurso golpista de Bolsonaro e tem feito seguidas investidas contra o TSE, cobrando do ministro Luiz Edson Fachin uma reunião exclusiva com representantes das Forças Armadas com técnicos da Corte eleitoral. O ministro da Defesa alega que os militares não se sentem privilegiados pelo TSE pelo fato de muitas das sugestões apresentadas pela caserna para o processo eleitoral não terem sido acolhidas pela Corte. Trata-se de uma inverdade, pois a maioria das sugestões foi colocada em prática pelo tribunal.
Em ofício enviado ao ministro Luiz Edson Fachin, que até 16 de agosto presidirá o TSE, o general informou que as Forças Armadas fiscalizarão as eleições deste ano, cujo primeiro turno acontece no dia 2 de outubro. A manifestação de Paulo Sérgio Oliveira não passa de uma ameaça à democracia, no melhor estilo missa encomendada por Bolsonaro, que sonha em ter os militares ao seu lado em eventual manobra golpista.
Outro sabujo a serviço do Palácio do Planalto é o ministro da Defesa, Anderson Torres, que em ofício ao ministro Fachin informou que a Polícia Federal fiscalizará o processo eleitoral com sistema próprio, como se o existente não tivesse garantido a eleição de Jair Bolsonaro e seus filhos ao longo de muitos anos.
Em resposta a ambos os ofícios, o ministro Luiz Edson Fachin decidiu pela instauração de processo administrativo com o objetivo de acompanhar os procedimentos de fiscalização e auditoria do sistema eletrônico de votação durante as eleições de outubro.
Bolsonaro, que desde a corrida presidencial vem colocando em xeque a confiabilidade das urnas eletrônicas, sugeriu recentemente que as Forças Armadas poderiam fazer uma contagem paralela dos votos.
Em relação à Polícia Federal, peritos da corporação sempre afirmam que as urnas eletrônicas são seguras e os votos, auditáveis. Além disso, diversas instituições públicas e da sociedade civil participam de todas as etapas do processo de fiscalização, como a própria PF e o Congresso Nacional.
Ciente de que poderá ser derrotado no primeiro turno e tomado pelo desespero, Bolsonaro não desistirá de ameaçar a democracia, pois a necessidade de um segundo mandato tem explicação lógica e técnica. Sem direito ao chamado “foro privilegiado”, caso não seja reeleito, o presidente sabe que é grande a possibilidade de ser preso por conta das muitas transgressões cometidas durante o mandato.
Diante de cenário político-eleitoral que piora com o passar dos dias e de um projeto de reeleição que desmorona lenta e continuamente, Bolsonaro intensificará sobremaneira as ameaças à democracia. Os brasileiros de bem precisam estar atentos e agir de maneira firma e decisiva contra qualquer tentativa de retrocesso ainda maior.
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