Aliados ensaiam movimento de retirada e podem abandonar Jair Bolsonaro à própria sorte

 
Como antecipamos em matéria anterior, a base de apoio ao governo no Congresso Nacional está cautelosa em relação à reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Independentemente da derrama de dinheiro feita pelo governo nas distintas hostes do Centrão, os integrantes do informal bloco parlamentar avaliam os efeitos colaterais da impopularidade de Bolsonaro nas respectivas campanhas.

Ciente de que seu projeto político desidrata com o passar dos dias, Bolsonaro tem liberado recursos do criminoso orçamento secreto”, como fez há dias para garantir a aprovação da PEC do Desespero, que turbina alguns benefícios sociais e cria outros com duração até 31 de dezembro.

Não por acaso, em reunião com ministros, no Palácio do Planalto, o chefe do Executivo cobrou dos assessores defesa mais enfática do governo, já que a partir de agora os candidatos às eleições de outubro não podem participar de inaugurações de obras, por exemplo.

Ao contrário do que muitos imaginam, política no Brasil transformou-se em um negócio escandaloso e quem atua nesse terreno não quer saber de prejuízos, sejam políticos ou financeiros, exatamente nessa ordem.

Em que pese o poder de persuasão dos recursos oficiais, o cálculo político tem preponderância nessa relação nada republicana. Por maior que sejam as liberações de recursos por parte do governo, a essa altura dos acontecimentos cada político está preocupado com as eleições que se aproximam. Isso significa que se a figura de Bolsonaro for nefasta para esse ou aquele político, rifar o presidente é questão de tempo.

 
Prova desse movimento que avança sobre o terreno da traição é a possibilidade de o PP, partido do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, se aliar ao ex-presidente Lula.

Um dos principais líderes da bancada ruralista no Congresso, o deputado federal Neri Geller (PP) negocia uma aliança com o PT em Mato Grosso e pode atuar como ponte entre Lula e o agronegócio.

Geller concorrerá ao Senado Federal e, de acordo com as tratativas, poderá liderar o palanque de Lula em um estado da federação onde a agropecuária é a locomotiva da economia local.

É importante lembrar que na corrida presidencial de 2018, o agronegócio migrou para a campanha de Jair Bolsonaro não apenas com discursos, elogios e “tapinhas nas costas”, mas com muito dinheiro.

Agora, diante da possibilidade de Bolsonaro ser derrotado, inclusive no primeiro turno, lideranças do agronegócio querem garantir uma boa relação com o próximo governo. Em outras palavras, ideologia é coisa do passado.


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